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terça-feira, 17 de novembro de 2015

A Terceira Gênese: Como as HQs dos X-Men voltaram a ser relevantes nos anos 2000 (Parte 1)

É com muita satisfação que abro espaço aqui na Taverna pra meu amigo e também aficionado em HQs Thiago Ribeiro publicar seu interessante artigo que analisa um período em que as HQs dos X-Men praticamente ressurgiram das cinzas após uma séria crise que os quadrinhos passaram entro o final dos anos 90 e o início dos 2000. Bom, melhor ir direto ao ponto: Leia o texto abaixo pra entender melhor a situação. Ah. Obrigado, Thiago. Aguardando ansioso a continuação...


Começo dos anos 2000. O mundo estava se preparando para um novo milênio. O cinema começava a conhecer uma nova safra de adaptações, mesmo que tímida, dos assim chamados super-heróis, Blade e X-men, o filme; no Brasil, os leitores tinham que lidar com a nova forma de publicação dos títulos Marvel e DC, com preços que, para a época, eram maiores do que estavam acostumados, saltando dos habituais R$ 3,50 por 100 páginas, para R$ 10,00 e um formato de luxo americano com o total de 148 páginas por edição. E o mercado de quadrinhos americanos ia mal, muito mal.

O principal sinônimo dessa crise era a Marvel Comics. O escritor Brian Michel Bendis (Homem-Aranha, Demolidor) afirmou que quando chegou ao andar da editora em sua sede em Nova York, operários tiravam as divisórias dos escritórios, pois as mesmas estavam sendo vendidas para gerar caixa para a empresa. Mas como uma empresa com personagens conhecidos no mundo todo através dos quadrinhos chega a tal ponto? Como explicar para o mundo que a empresa que tinha faturado milhões no começo dos anos 1990 estava vendendo suas propriedades intelectuais para estúdios de cinema de forma quase vitalícia? A resposta é uma só: a confusão editorial que gerou a má qualidade em praticamente todos os seus títulos, e em um principalmente, aquele que catapultou as vendas da Casa das Ideias (apelido carinhoso pelo qual a Marvel é conhecida pelos fãs) nos anos 1990, os X-men.

Bendis até hoje é um dos grandes nomes da Marvel
Ainda em 1999, o desenhista Joe Quesada embarcou junto ao cineasta Kevin Smith (Batman, Demolidos) em um projeto de relançamento de alguns personagens no selo Marvel Knights, ganhando o destaque da crítica e a resposta do público que pedia por boas histórias. Com seu sucesso junto a Smith no título do Demolidor, personagem esse que desde a fase do nova iorquino Frank Miller (300 de Esparta, O Cavaleiro das Trevas) nunca teve o destaque que merecia até ali. Quesada foi alçado ao título de Editor Chefe da Marvel para não só cuidar do recém-criado selo, que mostrava os heróis em uma abordagem mais adulta, mas também para pensar no futuro do Universo Marvel.

Quesada tinha a resposta pronta para trazer de volta o interesse dos fãs, há muito perdidos em mega sagas e desenhos desproporcionais dos heróis, como se tornou conhecida a década de 1990. E essa resposta era chamar os melhores escritores, tanto novos, quanto antigos, e desenhista para cuidar dos títulos da editora. Primeiramente em uma ótima contratação do irlandês Garth Ennis (Preacher) para cuidar do personagem Justiceiro, posteriormente a contratação do produtor de cinema e TV J Michael Straczynski (Homem-Aranha, Poder Supremo) para escrever o amigão da vizinhança, o homem aranha, ambos personagens que sofreram na mão das loucuras da década passada, tendo o Justiceiro virado anjo (parece piada de mal gosto) e o aracnídeo, além de ter amargado anos complicados com seus clones, ainda vinha de uma fase sem pé nem cabeça sobre a morte ou não da Tia May e de sua esposa Mary Jane.

Mas essa fase de ouro da Marvel não é o centro desse texto, cabendo explicações mais detalhadas no futuro, mas sim os personagens sinônimos de venda da editora desde a década de 70: os X-men. E veio de Bill Jemas, diretor de vendas da Marvel e co responsável por salvá-la da falência, criando junto com Quesada o universo Ultimate, a célebre frase que resumiria o estado em que as HQs mutantes se encontravam:  “Eu estudei em Harvard, mas mesmo assim não consigo entender uma HQ dos X-Men!”

Nova abordagem ficou mais SciFi
Mas quem chamar para revitalizar a linha dos mutantes? A resposta veio na figura do escocês que há menos de uma década tinha salvado a Liga da Justiça das histórias apáticas: Grant Morrison (Os Invisíveis, Superman: Grandes Astros). E Morrison já sabia o que havia de errado nos títulos X da editora. Após devorar todos os quadrinhos que antecederam sua chegada, prática comum dele, o escritor careca constatou o óbvio, que os mutantes têm suas melhores histórias quando o “novo” chega com força total para chacoalhar o status dos personagens. Foi assim com Giant Size X-Men, revista lançada pela em maio de 1975 na qual os Novos X-Men fizeram sua estréia (Colossus, tempestade, noturno e Wolverine entre eles). Escrita por Len Wein (Monstro do Pântano), e com desenhos de Dave Cockrum, essa edição especial de 68 páginas fechou o lapso de cinco anos sem que os mutantes tivessem historias inéditas, pois, devido as baixas vendas, o título beirava o cancelamento, amagando republicações para se manter vivo. Continuou assim com a dupla Claremont x Byrne, que sucederam os autores de Giant Size X-Men, e marcaram época ao jogar os mutantes ao topo da tabela de vendas da editora, com história que mudaram tudo nos títulos X e até na Marvel, como a já clássica Saga da Fênix Negra e o seu Dias de Um futuro Esquecido (alguns afirmam que Dias chegou a influenciar o jovem cineasta James Cameron a criar O exterminador do Futuro). 

E foi aí que o careca acertou, os X-Men precisavam de algo novo, que mudasse tudo no seu universo, e também aproveitar a onda do primeiro filme bem sucedido da franquia, dirigido por Brian Singer. Saem os uniformes coloridos, entra o couro preto a la Matrix; sai Magneto (calma que já ele volta), que estava dominando a ilha de Genosha, entra uma mutante enigmática que dizima a ilha mutante usando mega sentinelas construídos pela humanidade. Sai a concepção que os mutantes são meros salva vidas de novas aparições da raça, entra o conceito que o Instituto Xavier é uma escola, que deve ensinar a nova geração. Sai a década de 1990 e os mutantes chegam ao século XXI.

O culpado: Grant Morrison foi a mente que revolucionou 
os mutantes no início dos anos 2000









Anunciados novos volumes de Graphic MSP

O coordenador de planejamento editorial da Maurício de Sousa Produções, Sidney Gusman publicou recentemente nas redes sociais a confirmação de três novas Graphic MSPs, projeto que  tem como propostas dar grande liberdade criativa a quadrinhistas nacionais da nova geração para trabalharem com personagens criados por Maurício de Sousa, como já ocorreu com a Turma da Mônica, Penadinho, Piteco, entre outros.

Os escolhidos da vez foram Astronauta, que ganhará seu terceiro volume produzido por Danilo Beiruth (Bando de Dois, São Jorge), Bidu, que chega ao segundo volume com a mesma dupla responsável pelo primeiro, Eduardo Damasceno e Luís Felipe Garroucho (ambos de Quadrinhos Razos). A terceira novidade é uma aventura solo da Mônica, produzida por Bianca Pinheiro (Bear).

Nesta nova fase de publicações das Graphic MSPs é possível perceber que vêm ganhando prioridade as continuações de obras e repetições de artistas já sacramentados no projeto, deixando um pouco de lado aquela ousadia inicial. A exceção é esta da Mônica, que pode vir como uma grata surpresa. O último volume da coleção foi dedicado ao Louco - Fuga (Rogério Coelho) e foi lançado durante a FIQ (Festival Internacional de Quadrinhos), realizada no último final de semana. Ah. Também já está prevista uma do Papa-Capim, por Marcela Godoy (Fractal) e Renato Guedes (Action Comics), que deve ser o próximo a sair do forno.