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quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Super-heróis no cinema: uma difícil trajetória

Adaptar histórias em quadrinhos (sobretudo de super-heróis) para o cinema sempre foi uma dor de cabeça para diretores e produtores da sétima arte, salvo raríssimas exceções, como o primeiro "Superman" (1978), de Richard Donner de ou "Batman" (1989) e "Batman - O Retorno", ambos de Tim Burton, e todos da DC Comics e produzidos pela Warner Bros. O roteiro nunca ficava redondo, os efeitos especiais geralmente deixavam muito a desejar, as produções nunca tinham um ar profissional e, por isso, quase nunca eram levadas a sério pelo público ou pela crítica.



A primeira grande mudança
No início dos anos 2000 as coisas mudaram de um jeito que até hoje estão ficando cada vez mais comuns ótimas adaptações desses personagens, que antes eram incógnitas e já se tornaram sinônimo de alto faturamento para os estúdios, pelo menos na maioria das vezes. O pontapé inicial desse ciclo inesperadamente veio com personagens da Marvel pela Fox, com X-Men (2000), de Brian Singer. Com esse filme os personagens realmente são transformados em pessoas, a credibilidade da história os tornou cativantes, quando se tira toda a extravagância dos uniformes multicoloridos e personagens quase onipotentes e roteiros beirando à infantilidade, pode-se sim, ter um bom filme de super-heróis.

Daí em diante foi ladeira acima (sobretudo para os heróis da Marvel), com o megassucesso de Homem-Aranha (2002), de Sam Raimi, Demolidor (2003), de Mark Steven Johnson, X-Men 2, também de Singer e X-Men – O Confronto Final, dessa vez, pelas mãos de Brett Ratner e mais dois filmes do Homem-Aranha (ambos também de Raimi). Claro que como toda regra, essa também tem exceções, que foram o fraco primeiro Hulk (2003), de Ang Lee e o estranho Motoqueiro Fantasma (2007), de  Mark Steven Johnson. Até aí todos se tratavam de Histórias de estúdios diferentes e, portanto, auto-contidas, sem nenhuma referência à existência de outros super-heróis, como se cada filme tratasse de um "universo" diferente.


O surgimento do Universo Marvel nos cinemas 
O, hoje distante, ano de 2006 foi quando aconteceu a grande virada. A Marvel Studios veio com o que, sinceramente, mais parecia um blefe naquele momento. Como quem não quer nada, lá no finalzinho da fita do Homem de Ferro, de Jon Favreau, após os créditos, uma pequena cena surge com ninguém menos que Nick Fury (intepretado por Samuel L. Jackson, como era de se esperar por quem leu a HQ “Os Supremos”) convida Tony Stark a integrar uma equipe que ele estaria formando. Os olhos dos velhos leitores das HQs da Marvel (carinhosamente conhecidos como marvetes) brilharam, mas com aquele quê de desconfiança. Então em 2008 vem o segundo filme do Hulk (“O Incrível Hulk”, de Louis Leterrier), que além de ser mil vezes superior  ao primeiro (sob vários aspectos), ainda dá outra deixa para a tempestade que se forma no horizonte, com uma aparição de Tony Stark em uma nova cena pós-créditos. No Homem de Ferro 2 (2010) vira baderna e já é praticamente um prólogo para os vingadores. Aí veio o Thor, de Kenneth Branagh, e o Capitão América, de Joe Johnston, (ambos de 2011) e o filme dos Vingadores já era uma certeza naquele momento, que finalmente veio à luz em 2012, pelas mãos do diretor, produtor e também roteirista de quadrinhos, Joss Whedon.

Vários heróis em um único estúdio vinculado à Disney e à própria Marvel Comics foi um grande acerto, propiciando esse grande "Crossover" (como é conhecido o encontro de heróis de revistas diferentes) cinematográfico da Marvel. Enfim, finalmente veio em 2012 o esperado filme que amarraria todas as pontas soltas dessas histórias: “Os Vingadores”, um megassucesso de bilheteria, que se tornou um novo ponto de virada da Marvel Studios, a partir de onde se encerrou o que eles chamaram de Fase Um, cuja Fase Dois foi iniciada este ano, com "Homem de Ferro 3", de Shane Black, e continua com o segundo filme do Thor, “Mundo Sombrio”, de  seguindo em 2014, com “Capitão América 2 – Soldado Invernal”. E Muita coisa boa ainda deve vir por aí.


Hoje a Fox, que detém os direitos do universo mutante entendeu que essa interligação dos personagens é viável e bem interessante financeiramente e está preparando para o ano que vem "X-Men - Dias de um Futuro Esquecido", que efetivamente une de as franquias, X-Men, X-Men - Primeira Classe e Wolverine, que eram praticamente isoladas, visto suas histórias algumas vezes até se contradizerem, diferentemente do que ocorre com os filmes da Marvel Studios.



O mais interessante é que tudo teve início lá na década de 60, quando um certo senhor Stan Lee, o lendário roteirista e criador de tantas outras lendas da Marvel Comics (e hoje grande entusiasta dos filmes e onipresente em todos eles com pequenas participações especiais)  se perguntou porque mesmo que todos esses heróis não poderiam viver em uma mesma realidade (ou mesmo cidade) e se encontrarem ocasionalmente para trocarem sopapos entre si ou, quem sabe,  enfrentar uma ameaça que apenas um deles possa conter sozinho.

Enquanto isso, na DC/Warner... 


A DC/Warner, por sua vez, deu início a uma única franquia, porém, de alta qualidade e também altamente lucrativa, iniciada com “Batman Begins” (2003), seguida por “O Cavaleiro das Trevas” (2008) e finalizada com “O Cavaleiro das Trevas Ressurge” (2012), todos capitaneados sabiamente por Cristopher Nolan. Esse ano lançou uma nova aposta: O Homem de Aço (Zack Snyder, com produção do mesmo Nolan do Batman). Esse ano, finalmente “caiu a ficha” (termo um tanto fora de moda, mas que vem à calhar na situação) desse grande estúdio e eles anunciaram que estão preparando um filme que promete dar início à união de dois de seus grandes ícones: “Batman vs. Superman”, sendo o possível início do avanço do universo DC nos cinemas, quem sabe o primeiro passo para um filme da Liga da Justiça, num futuro não tão distante.



terça-feira, 19 de novembro de 2013

Relançamentos: uma novidade bem-vinda ao mercado de quadrinhos brasileiro

Uma nova cultura que vem sendo criada nos últimos anos nas bancas e livrarias brasileiras com relação às HQs: O relançamento de edições, sobretudo as clássicas, o que há alguns anos era raridade no mercado e, graças principalmente ao trabalho da editora italiana Panini hoje vem se tornando cada vez mais comum.



Ter a história completa de "V de Vingança" (Alan Moore e David Lloyd), por exemplo, só quem tinha comprado a minissérie da editora Globo (que posteriormente foi encadernada), que já tinha bem mais de duas décadas de lançamento ou o encadernado da própria Panini, lançado em 2006 e do ano passado até agora já está em seu segundo relançamento.

Assim também foi com as edições definitivas de "Sandman" (Neil Gaiman, entre muitos outros), também da Panini, cujo volume 4 acaba de ser lançado e o primeiro e segundo (que  estavam esgotados) estão em vias de relançamento,  tal qual o primeiro volume de "Preacher" (Garth Ennis e Stive Dillon), também esgotado,, ambas séries muito aclamadas por público e crítica, portanto, com vendas, como comprovam as lojas virtuais, onde se esgotam rapidamente, e o Mercado Livre, onde são vendidas, apesar dos preços exorbitantes, por muitas vezes se tratarem realmente de “raridades”, visto praticamente não existirem mais à venda à não ser em sebos muito especializados ou por pura sorte mesmo, dessas que acontecem poucas vezes na vida.

Outros relançamentos que vêm sendo feitos e merecem destaque (todos da Panini) são os do universo do Batman, como "A Piada Mortal" (Alan Moore e Brian Bolland), "Coringa" (Brian Azarello e Lee Bermejo), entre outros. E na Marvel, "Os Supremos Vol.1" (Mark Millar e Brian Hitch) é o que merece maior destaque, por se tratar de algo não tão antigo e que já se encontra em seu segundo relançamento em poucos anos, atendendo a demanda crescente de leitores que o procuram. Uma das poucas bolas fora é a edição definitiva de "Batman: O Longo dia das Bruxas" (Jeph Loeb e Tim Sale), que há tempos está esgotada e desde sempre é implorada pelos leitores, mas nada de relançamento até agora. Acredito que uma hora vai rolar, como aconteceu com "Reino do Amanhã" (Mark Waid e Alex Ross) , por exemplo, que também era muito solicitada e atualmente sua versão definitiva (e inédita) está em pré-venda em vários sites espalhados pela internet. É só procurar pra conferir. 



Essa cultura é uma ótima novidade pra gente que já é há muito tempo comum no mercado estadunidense (lá valem muito as primeiras edições), onde quem realmente ganha com isso são as editoras que lançam e relançam edições que todos procuram e os leitores, que não são obrigados a pagarem preços absurdos por edições que foram postas a venda por preço muito inferiores ou, pior ainda, ficar sem elas por não ter grana pra comprar. Quem perde com isso são apenas os especuladores de mercado, exploradores de ávidos leitores que apenas buscam momentos de descontração despretensiosa, algumas vezes muito mais interessantes que muitos filmes, séries de tevê ou até mesmo muitos livros convencionais que são publicados por aí.