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quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Death Note: Uma exceção bem vinda


Eternos adversários: "L" x Light/Kira
O protagonista da série, Light Yagami, é um jovem estudante brilhante de apenas 17 anos que vive de saco cheio com o tédio que a vida lhe oferece. Eis que, de repente (do nada mesmo) encontra um caderno preto escrito "Death Note" (assim mesmo, em inglês) na capa. O caderno é uma espécie é uma espécie de manual de instruções de si mesmo, informando ao leitor o motivo sombrio de sua existência a e como o proprietário pode usá-lo. O objeto é, como seu próprio nome diz, um “caderno da morte”, cujo usuário ao escrever o nome de uma pessoa em suas páginas, pensando em suas feições é capaz de matá-la sem sequer ter que chegar perto dela. Ele pode tanto conter informações precisas sobre o momento e condições exatas da morte, como um acidente de trânsito, por exemplo, ou não conter nada, situação em que a vítima morre de ataque cardíaco em menos de um minuto. 

A princípio, o protagonista não acredita muito naquilo e considera uma grande bobagem até que ele faz um pequeno teste e aos poucos vai descobrindo os muitos usos que pode fazer do objeto para alcançar seu objetivo, que (aqui vai minha crítica) é o mais óbvio possível: “Se tornar o rei do mundo”, pois ele acredita que o caderno pode ser usado para tornar o mundo um lugar melhor pra todos, eliminando todos aqueles que praticam o mal, ou seja, para ele, os fins justificam os meios. O poder sobe a cabeça do protagonista, que vai perdendo cada vez mais a noção do limite entre o que é certo e errado no decorrer da série.

Após as primeiras mortes surge a figura de “L”, um detetive altamente especializado em encontrar assassinos em série, como o “Ligth”, que por ser desconhecido do público, acaba sendo apelidado pela imprensa de “Kira”, forma comum na língua japonesa para o adjetivo “killer”, que significa assassino em inglês. A história então se torna uma espécie de jogo de gato e rato entre os dois gênios, um desejando descobrir quem é o assassino e o outro, querendo impedir que isso aconteça. O enredo fica então fica repleto de reviravoltas e os embates intelectuais entre os dois vão tomando proporções cada vez maiores, ora um se sobressaindo, ora o outro até chegando ao fim da primeira grande saga de forma totalmente surpreendente, seguido por uma segunda fase igualmente interessante, com novos “Kiras” (como Misa Amane, que acaba se tornando sua admiradora e namorada) e mais personagens seguindo seu rastro.

Shinigamis da série: Ray e Ryukku
Apropriações (e adaptações) culturais
A série apropria-se do conceito de Shinigami (deus da Morte), entidade da mitologia japonesa cuja função seria levar as almas humanas para o mundo dos mortos. Normalmente os shinigamis vivem no mundo dos mortos e são invisíveis aos seres humanos. Na série eles são apresentados como figuras de aspecto demoníaco e cada um deles é dono de um caderno da morte onde ele mesmo deve escrever o nome das pessoas que devem morrer ou pode ainda “terceirizar” esse trabalho, entregando seu Death Note a um humano, que a partir de quando toca no objeto é capaz de vê-lo, criando uma espécie de laço de parceria entre os dois.

O mangá foi publicado entre 2003 e 2006 pela revista japonesa Weekly Shonen Jump, totalizando 12 volumes e já foi publicado no Brasil pela JBC, que recentemente encerrou sua republicação em formato mais luxuoso (Black Edition) e compilada em apenas seis volumes. A adpatação para anime foi produzida pela Madhouse com direção de Tetsuro Araki e contou com 37 episódios exibidos entre 2006 e 2007 no japão, que contaram cerca de 5 anos da vida de Ligth Yagami. Atualmente também já é possível adquirir a série completa no mercado brasileiro. 
Da esquerda pra direita: Light, Misa, "L" e Near

Alguns Personagens
Light Yagami (“kira”): Melhor aluno do Japão. Torna-se Kira após encontrar o Death Note do shinigami Riukku. 

“L”: Grande antagonista onipresente ao longo da série. Detetive particular altamente especializado e inteligente. Dedica-se a encontrar “Kira”.

Misa Amane (2º Kira): superstar japonesa que também torna-se portadora de um Death Note e admiradora de Kira, tornando-se o 2º Kira e seguindo as ordens de Ligth.

Near: Outro gênio. Sucessor direto de “L”. É uma criança orfã que foi criada no orfanato “Wammy’s House”. Cria uma fundação com a função específica de capturar Kira.

Melo: Outro jovem órfão criado no “Wammy’s House”. Um dos sucessores de L, mas acaba fazendo um pacto com a máfia a fim de superar Near, que ele considera um adversário.

Ryukku: Shinigami dono original do Death Note usado por Light. Desempenha papel importante, explicando detalhes do funcionamento do caderno e ajudando Ligth em alguns momentos.


Em tempo: Aproveitando o espaço, gostaria de destacar o ótimo trabalho de animação do estúdio, detalhista e usando jogo de luz e sombra de forma bastante interessante. Destaque também pras canções de abertura e encerramento da série, sobretudo as da primeira temporada. Todas ótimas. Clique abaixo confira a abertura da primeira temporada.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

A romantização da música com o tempo (Ou seria das pessoas?)

Capa do álbum "Tropicália" (1968)
Já parou pra pensar sobre como as constantes metamorfoses porque a grande maioria dos grandes nomes da música passa tende a “amolecê-los”, tornando-os mais melo(dio)sos, românticos e menos críticos à sociedade que os rodeia? É bem verdade que idade e “experiência” (e também algumas necessidade$) tornam as opiniões mais maleáveis, fazendo as pessoas aceitarem mais passivamente a realidade, sem grandes embates filosóficos tão comuns à juventude, época de extrema rebeldia e busca incessante por liberdade e identidade pela qual todos passamos. Enfim, com o tempo, as pessoas acabam se conformando com o sistema que lhes é imposto e aprendendo a conviver com ele, ficando, sem perceber, cada vez mais parecidas com seus pais, que tanto criticavam quando eram mais jovens.

Na música não é diferente: artistas da tropicalistas, por exemplo, que antes pregavam uma nova (contra-)cultura, com roupas e forma de pensar e viver diferentes, criticando de várias formas a realidade social hoje se transformaram basicamente em um artistas românticos ou de samba (sei lá). O que é uma pena, pois escrever sobre o amor é um ótimo exercício de imaginação e pode originar canções que tranquilamente seriam consideradas verdadeiras pérolas, mas só sobre ele e sempre da mesma forma, aí já é demais.

Logo, mentes talentosas que escreveram canções que até hoje têm tanta força, devido não só à sua poesia, mas também ao estilo musical, até hoje considerado tão inovador por seu experimentalismo. Basta ouvir o disco "Tropicália ou Panis et circenses" (de 1968) pra entender do que estou falando. Há energia no ar quando se ouve aquelas canções com aqueles arranjos orquestrados, pendendo entre o rock estrangeiro e a cantiga popular brasileira.
Cazuza e Frejat na primeira edição do Rock in Rio (1985)
Até mesmo algumas bandas de PopRock Brasil que tanto fizeram sucesso nos anos 80 e ainda hoje persistem, têm se romantizado cada vez mais com o passar do tempo. E pensar que as mesmas mentes deram à luz canções ótimas e politicamente engajadas naquele momento político, algumas que podemos até considerar como ode à realidade da vida numa selva de concreto, hoje cantam muito mais o amor e relacionamentos românticos (beirando a pieguice) que qualquer outra coisa. Até mesmo a forma de tocar as canções vem se “pasteurizando”. Todas acabam parecendo tão iguais, mais ligada ao suingue que a música em si, perdendo em qualidade.


Jim Morrison ("The Doors")
Kurt Cobain ("Nirvana")
Refletir sobre isso acaba nos levando a ir mais longe em nossos pensamentos, chegando ao questionamento: será que artistas como Jim Morrison (“The Doors”), kurt Cobain (“Nirvana”), ou mesmo nossos Raul Seixas ou Cazuza teriam hoje as mesmas visões de mundo que os consagraram, marcando-os para sempre como símbolo de rebeldia, juventude e, tantas vezes, até mesmo anarquia. Infelizmente, não temos como saber essa resposta, pelo menos não com certeza. Mas, de qualquer forma, vale a reflexão sobre o que fazemos com o mundo ou no que acabamos deixando que ele nos transforme. Até que ponto estamos amadurecendo ou, na verdade, nos deixando levar pelo caminho mais fácil? Isso não só na música, mas pra vida. Vale lembrar que nem todos mudam tanto com o tempo. Felizmente tem muita gente que permanece com suas concepções artísticas e de vida. Esses podem ser grandes exemplos para todos nós.