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segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

A romantização da música com o tempo (Ou seria das pessoas?)

Capa do álbum "Tropicália" (1968)
Já parou pra pensar sobre como as constantes metamorfoses porque a grande maioria dos grandes nomes da música passa tende a “amolecê-los”, tornando-os mais melo(dio)sos, românticos e menos críticos à sociedade que os rodeia? É bem verdade que idade e “experiência” (e também algumas necessidade$) tornam as opiniões mais maleáveis, fazendo as pessoas aceitarem mais passivamente a realidade, sem grandes embates filosóficos tão comuns à juventude, época de extrema rebeldia e busca incessante por liberdade e identidade pela qual todos passamos. Enfim, com o tempo, as pessoas acabam se conformando com o sistema que lhes é imposto e aprendendo a conviver com ele, ficando, sem perceber, cada vez mais parecidas com seus pais, que tanto criticavam quando eram mais jovens.

Na música não é diferente: artistas da tropicalistas, por exemplo, que antes pregavam uma nova (contra-)cultura, com roupas e forma de pensar e viver diferentes, criticando de várias formas a realidade social hoje se transformaram basicamente em um artistas românticos ou de samba (sei lá). O que é uma pena, pois escrever sobre o amor é um ótimo exercício de imaginação e pode originar canções que tranquilamente seriam consideradas verdadeiras pérolas, mas só sobre ele e sempre da mesma forma, aí já é demais.

Logo, mentes talentosas que escreveram canções que até hoje têm tanta força, devido não só à sua poesia, mas também ao estilo musical, até hoje considerado tão inovador por seu experimentalismo. Basta ouvir o disco "Tropicália ou Panis et circenses" (de 1968) pra entender do que estou falando. Há energia no ar quando se ouve aquelas canções com aqueles arranjos orquestrados, pendendo entre o rock estrangeiro e a cantiga popular brasileira.
Cazuza e Frejat na primeira edição do Rock in Rio (1985)
Até mesmo algumas bandas de PopRock Brasil que tanto fizeram sucesso nos anos 80 e ainda hoje persistem, têm se romantizado cada vez mais com o passar do tempo. E pensar que as mesmas mentes deram à luz canções ótimas e politicamente engajadas naquele momento político, algumas que podemos até considerar como ode à realidade da vida numa selva de concreto, hoje cantam muito mais o amor e relacionamentos românticos (beirando a pieguice) que qualquer outra coisa. Até mesmo a forma de tocar as canções vem se “pasteurizando”. Todas acabam parecendo tão iguais, mais ligada ao suingue que a música em si, perdendo em qualidade.


Jim Morrison ("The Doors")
Kurt Cobain ("Nirvana")
Refletir sobre isso acaba nos levando a ir mais longe em nossos pensamentos, chegando ao questionamento: será que artistas como Jim Morrison (“The Doors”), kurt Cobain (“Nirvana”), ou mesmo nossos Raul Seixas ou Cazuza teriam hoje as mesmas visões de mundo que os consagraram, marcando-os para sempre como símbolo de rebeldia, juventude e, tantas vezes, até mesmo anarquia. Infelizmente, não temos como saber essa resposta, pelo menos não com certeza. Mas, de qualquer forma, vale a reflexão sobre o que fazemos com o mundo ou no que acabamos deixando que ele nos transforme. Até que ponto estamos amadurecendo ou, na verdade, nos deixando levar pelo caminho mais fácil? Isso não só na música, mas pra vida. Vale lembrar que nem todos mudam tanto com o tempo. Felizmente tem muita gente que permanece com suas concepções artísticas e de vida. Esses podem ser grandes exemplos para todos nós.

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