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sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Los Hermanos: a banda que mudou o Rock made in Brasil na década passada

Os Hermanos: Amarante, Barba, Bruno Medina e Marcelo Camelo
Sei que tem muita gente que pode torcer o nariz e dizer que não gosta, e até admito que o som dos caras tem que ser “ruminado” por um tempo para que se possa ser curtido de verdade, mas se tem uma banda que surgiu no mainstream da música nos anos 90 e que realmente possui fãs fiéis (mesmo após terem “dado um tempo” indefinidamente) essa banda é a carioca “Los Hermanos”, surgida nos idos de 1997 num cenário considerado de rock “alternativo” (odeio esse rótulo porque acaba não dizendo nada), mesclando elementos de Rock com MPB com uma forte pegada no Ska e no Hardcore, aliás, nesse principio, este último era quem ditava mesmo o tom musical da banda, somado ao som de metais e letras mais românticas e melancólicas, que com o passar do tempo vão se tornando cada vez mais a cara da banda.

Seu primeiro álbum, intitulado simplesmente “Los Hermanos”, foi lançado em 1999, e a banda era composta por Marcelo Camelo (vocais e guitarra), Rodrigo Amarante (voz, guitarra, flauta, etc.), Bruno Medina (teclados) e Patrick Laplan (baixo), seguidos por músicos de apoio nos metais. O interessante desse primeiro disco é que as músicas mais conhecidas, “Anna Júllia” e “Primavera” (ambas com vocais de Camelo) eram duas baladas Rock, meio anos 60 (leia, cações de baile), na verdade eram exceções no álbum que era carregado com uma pegada pesada, Hardcore mesmo, como as ótimas “Tenha Dó”(Camelo), que abre o álbum e “Quem Sabe” (cantada por Amarante) que soa como uma grande dor de cotovelo, tema recorrente na discografia da banda. Se observadas apenas essas duas, parecia mais uma banda de "ondinha", que na mesma velocidade com que decolou no cenário musical brasileiro, sumiria de pronto, como tantas outras "maravilhas de um hit só", ou dois, como poderia ser o caso. Mas o destino estava reservando coisa muito diferente para a banda.

A sonoridade apresenta tem ainda um quê de canções de circo devido ao naipe de metais e à velocidade com que as notas são tocadas. As canções desse disco de apresentação conseguiam mesclar a poesia das letras, sempre muito boas, mas às vezes beirando a temas de antigas canções brega a execuções pesadas e muito inspiradas realizadas pelos músicos.

E 2001 a banda lançou seu segundo álbum, “Bloco do Eu Sozinho”, com uma baixa (Patrick Laplan) e apresentando uma clara evolução com relação ao primeiro. As letras começam a se mostrar menos ingênuas e mais profundas e psicológicas que no primeiro trabalho e começa a surgir um novo estilo musical, que vai se desenhando de forma cada vez mais clara. O estilo “Los Hermanos”, deixando um pouco de lado aquele hardcore que tanto marcou a banda em sua estreia e flertando mais com a MPB (bossa e samba) de qualidade, rock (sempre), pop, ritmos latinos e vários outros elementos que acabaram por sedimentar definitivamente tom do trabalho da banda e a se tornar exatamente o que o público, cada vez mais fiel, buscava, quando ia a um show dos caras.

Desse segundo CD, nasceram achados como “A Flor” (composta em parceria por Camelo e Amarante e cantada pelos dois), “Mais uma Canção” (Camelo nos presenteia com uma ótima melodia para ser cantarolada, que soa como as cantigas comuns em bares, com um ar até meio medieval), “Casa Pré-Fabricada” (poesia de tom leve de Camelo, mas tocada com grande distorção na guitarra, gerando um contraste imenso) e a ótima “Veja Bem, Meu Bem”, que é quase um tango, ou uma canção mexicana, daquelas bem melancólicas mesmo, mas ao mesmo tempo com uma sonoridade excitante e letra, que ao final, revela a verdade de toda a história que era contada).

Nesta mesma época a banda participou do programa Luau MTV, com arranjos acústicos para as canções lançadas até então e ótimas surpresas, como a canção Esquadros, de Adriana Calcanhotto, cantada por Amarante em uma versão primorosa e também A palo seco, de Belchior, cantada por Camelo em tom de mais pura homenagem.

Em 2003 a banda lança seu terceiro álbum, “Ventura”, que colocou definitivamente a banda no hall das maiores, mais conhecidas e requisitadas do cenário nacional, sendo aclamada definitivamente tanto pelo público (cada vez maior), quanto pela crítica. Ventura é um exercício de imaginação, misturando elementos do samba tradicional (“Samba a dois”) ao pop rock com a cara da banda (“O Vencedor” e “Cara Estranho”, entre outras) às melancólicas (“Um Par”, “Conversa de Botas Batidas” e “Último Romance”). Com este álbum surge algo raro no Brasil, beirando ao que acontecia com bandas como a Legião Urbana ou Engenheiros. O surgimento de um público realmente fiel, que curte, difunde e defende o som da banda com unhas e dentes. Este é considerado por muitos, inclusive este blogueiro que aqui escreve o melhor álbum da banda, por ser aquele que melhor dosa os vários climas presentes em suas 15 canções, todas ótimas. Um disco para se ouvido da primeira à última faixa, até mesmo para quem nem gosta tanto do som feito pela banda.

Neste período foi lançado o DVD “Ao Vivo no Cine Íris”, onde foi apresentado boa parte do repertório de “Ventura” junto à várias canções dos álbuns anteriores. Na real, o melhor registro ao vivo da banda, muito superior ao “Ao Vivo a Fundição Progresso”, lançado após seu último álbum de estúdio. Vale destacar o documentário presente no DVD, onde são apresentados ao público importantes momentos do processo de produção do disco, muitos deles quando a música ainda era apenas uma ideia e foi se concretizando com o tempo e ensaios, os primeiros shows com o novo repertório e parcerias importantes, como um festival em que tocaram junto com “Os Paralamas do Sucesso”. O documentário é um espetáculo à parte. Nessa época o grupo participou ainda da trilha sonora do filme nacional “Lisbela e o Prisioneiro”, com a canção “Lisbela”, composta por Caetano Veloso.

Em 2005 a banda lança seu quarto e último álbum de estúdio, intitulado simplesmente “4”, se aprofundando cada vez mais no tom melancólico e intimista tanto nas canções interpretadas por Camelo, quando nas de Amarante. Dele surgiram diamantes já lapidados, como “O Vento”, de Amarante, com direito a clipe que teve boa veiculação na MTV e “Morena”, de Camelo. O álbum mostra uma banda madura, executando as canções de forma visceral e ao mesmo tempo rebuscada e muito bela. Trata-se do ápice musical da banda, mesmo não tendo sido tão bem recebido pela crítica quanto o arrebatador álbum anterior, é o que eles tocaram de forma mais perfeita.

A banda lançou ainda um CD/DVD “Ao Vivo na Fundição Progresso”, em 2008, podendo ser considerado um disco póstumo, já que a banda havia encerrado suas atividades por tempo indeterminado no ano anterior. O disco tem um tom meio saudosista e não tem o áudio e o clima tão bem capturado como aconteceu em seu DVD anterior.

Atualmente os integrantes da banda não estão parados no mundo da música e têm se dedicado a projetos pessoais, como a carreira solo de Camelo, com três discos já lançados, e a banda LitlleJoy, de Amarante em parceria com  Fabrizio Moretti, dos Strokes. Esse ano Amarante está lançando também seu primeiro trabalho solo, intitulado “Cavalo”. Os Hermanos vez ou outra ainda se reúnem em situações pontuais, mas até agora, nada anunciado com relação a material inédito, infelizmente, já que a oxigenação que deu ao rock nacional na década passada foi tão importante para a música brasileira.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

13ª edição da Feira HQ acontece esse final de semana em Teresina

Se você gosta de Histórias em Quadrinhos e mora em Teresina-PI ou está passando pela cidade este final de semana, não pode deixar de conferir a 13ª edição da Feira HQ, evento organizado pelo Núcleo de Quadrinhos do Piauí e financiado pelo BNB e BNDES e conta com apoio do governo estadual do piauí. Para mais informações, clique aqui e confira o blog do Núcleo de Quadrinhos do Piauí.

O evento será realizado de 13 a 15 deste mês no Clube dos Diários, no Centro da cidade. Na programação consta exposição competitiva de trabalhos de quadrinhos em várias categorias, além de venda de livros e revistas, shows e palestras relacionadas ao tema, contando com várias personalidades de renome nacional.