Categorias

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

A Saga do Monstro do Pântano - Livro Um

Pra começar, o que tenho a dizer é que a fase de Alan Moore à frente de A Saga do Monstro do Pântano é tudo isso que dizem mesmo: Ótima e complexa!  Já neste primeiro volume que reúne as edições 20 a 27 de A Saga do Monstro do Pântano) é possível perceber a que ele e os ótimos artistas que o acompanham (Stephen Bissete e John Totleben) vieram. Os caras começam logo mudando em 180 graus o status quo do personagem que, logo em sua primeira edição intitulada Pontas Soltas é fuzilado e acaba "morrendo". O título desta primeira edição é realmente sua intenção: não deixar nenhuma ponta relacionada às fases anteriores do personagem. 

Durante todo o arco que se inicia em seguida com Lição de Anatomia, o que temos é a tal mudança que comentei acima, com um protagonista que, do nada deixa de ser Alec Holland, um homem que virou um monstro e se torna uma planta que pensa que é um homem. Pode parecer pouco a principio, mas garanto que muda tudo mesmo. Só pra se ter um ideia, no primeiro momento, após fazer coisas até então inimagináveis, o Monstro do Pântano entra em algo parecido com o que conhecemos por depressão e isso ocorre de forma bem interessante, levando-se em consideração o fato de se tratar realmente de uma planta.

A história consegue transcender as HQs, os super-heróis (há referências à contemporânea Crise nas Infinitas Terras), conseguindo arranhar conceitos psicológicos e filosóficos, colocando frente-a-frente o homem com a natureza, que cobra o preço de seu uso desregrado e mostrando a necessidade recíproca entre os dois por meio do confronto inusitado entre o Monstro do Pântano e o Homem Florônico (Jason Woodrue), antigo inimigo do Eléktron aqui utilizado de forma sublime, com um desenlace interessantíssimo pra o primeiro dos dois arcos de histórias presentes neste encadernado.

O terror psicológico também está presente no livro, principalmente no segundo arco com a sobrinha de seu arqui-inimigo, Abigail Arcane (uma das melhores coadjuvantes que já tive o prazer de conhecer) iniciando num novo emprego em uma clínica que trata de crianças com autismo e se vê envolvida em uma trama que coloca o demônio versejador Etrigan e uma caçada alucinante a um demônio em forma de macaco branco capaz de elouquecer as pessoas. Assim como o primeiro arco, a conclusão deste também evita os chavões e segue por uma trilha completamente diferente, encerrado de forma apoteótica.

Se você é acostumado com histórias em quadrinhos do Mainstream, no geral medianas em seu conteúdo e também na arte, precisa experimentar outras frequências. Começar pelo Monstro do Pântano produzido por Moore é uma excelente porta de entrada pra sair do lugar comum e perceber que quadrinhos podem ser muito mais que mero pueril entretenimento sem reflexão. A arte é um show à parte, com o traço realista da dupla responsável e cores de Tatjana Wood que remetem aos pântanos da Lousiana de forma que realmente é o leitor é capaz de sentir a umidade e o cheiro de mofo tão comuns a ambientes como este.

A controvérsia ficou por parte do acabamento escolhido pela Panini, que, inclusive já foi até comentado aqui: capa cartão e miolo em pisa brite, bem mais frágil e de qualidade bem inferior a opções como couché ou lwc, constantemente utilizado em publicações de conteúdo bem inferior publicado pela mesma editora a preços bem próximos do que vimos nesta coleção.

Informações da edição:
Volume encadernado
Formato: 17 x 26 cm
Capa cartão
Lombada quadrada
miolo: Pisa brite
 212 págs
Preço de capa: R$23,90
lançamento: Outubro de 2014

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Se você curtiu o blog ou este artigo, ou mesmo quer deixar alguma mensagem crítica no sentido de tornar esse espaço mais aconchegante e de melhor leitura, deixe seu comentário. Ele é muito importante como incentivo desse trabalho continuar. Os comentários serão moderados antes de sua publicação. A intenção é evitar discussões pessoais entre nossos leitores. Aguardo seu comentário.