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terça-feira, 9 de maio de 2017

O LEGADO DOS IMORTAIS: Review de "A Última História do Punho de Ferro"

capa do primeiro volume dessa
fase do personagem
Texto produzido especialmente pelo parceiro e também "quadrinhófilo" Thiago Ribeiro.


Para quem lê quadrinhos e acompanha o mercado de perto já deve ter ouvido falar sobre a importância do legado na chamada Nona Arte. Seja nas promessas dos editores da Marvel, seja na volta do saudoso e, agora, eterno Wally West (quase 05 anos sem título, sem ser mencionado pelos editores da DC e substituído por um personagem que usa da diversidade para se vender aos leitores, o Flash que manteve o manto após a seminal Crise nas Infinitas Terras (1985) veio para trazer ventos bem-vindos para a DC), o legado dos personagens de quadrinhos mainstream são parte importante do universo de super-heróis.

Porém, o que ocorre quando o personagem não conhece sua herança?

Bem, isso é uma dúvida que o leitor pode tirar lendo o primeiro volume da republicação da saga escrita por Ed Brubaker (Capitão América) e Matt Fraction (Gavião Arqueiro), desenhada pelo espetacular David Aja (Gavião Arqueiro), para o Imortal Punho de Ferro (Sim, um título passado de pessoa à pessoa, porém, tendo o seu atual usuário ignorado toda a linhagem que veio antes dele), que saiu em 2016 com o título de O IMORTAL PUNHO DE FERRO -  A ÚLTIMA HISTÓRIA DO PUNHO DE FERRO.

Não, não faço esse texto porque o personagem está em evidencia devido a transposição para as telas de tevê através da Netflix (em uma adaptação que demora a engrenar, o que transforma a minissérie em um martírio para chegar ao ponto que interessa). Faço porque em 2007 já ouvira falar da saga montada pelos senhores Brubaker e Fraction (na época, também, escrevendo de forma brilhante Capitão América e Homem de Ferro, respectivamente).

Aqui temos o empresário Danny Rand tendo que lidar com: nazistas (Hidra, que quer construir uma linha férrea onde fica Kun Lun, lar do povo que abrigou o abrigou), feitiçarias vindas do oriente (a mãe garça, que possui uma vendeta pessoal não com ele, mas, sim, com o portador do título punho de ferro, guerreiro representante de Kun Lun) e antigos rivais (Serpente de Aço, que você pode ver mais da rivalidade com o punho de ferro em Coleção Histórica Homem Aranha Nº. 12, através das, então, competentes mãos de Chris Claremont (X-Men) e John Byrne (X-Men, Quarteto Fantástico, Superman).
arte limpa e precisa de Aja faz o leitor lembrar da importância do artista para se fazer uma boa HQ
É incrível como um texto afiado, com arte detalhada, pode fazer a diferença num título, tendo destaque para o diálogo do porquê as empresas Rand não patrocinariam um investimento da China (Ah, se o Danny soubesse que o mercado americano hoje se dobra à vontade dos chineses em tudo, principalmente, em entretenimento, como o cinema), pois o governo chinês promoveu atos contra o Tibet e Cia. até contra aquele cara que foi fotografado encarando um tanque na praça da paz celestial. 

Mas o destaque não é esse no primeiro volume da coleção agora relançada pela Panini, anteriormente, lançada em Marvel Apresenta. O destaque é o legado que Daniel Rand sempre ignorou, e esse legado bate à porta dele na forma de Orson Randall, o punho de ferro anterior. Aqui, vemos o destaque da revista: um homem quebrado, entregue as drogas há mais de meio século, que em sua origem já conheceu a tragédia, seja em seu nascimento conturbado, seja por ter encarado a “guerra para acabar com todas as guerras” na linha de frente. Um homem tão quebrado que comete erro atrás de erro, como não lutar em nome da cidade que o treinou para ser seu protetor, e agir de forma a ceifar a vida de uma das representantes (as chamadas armas imortais) de outra cidade celestial. Nesse homem quebrado (e no começo de quase todo os capítulos, desenhados não por Aja, mas, sim por outros desenhistas ótimos) é que estão as respostas para quem foram os outros Punhos de Ferro do passado.

Aqui, abro espaço para falar da arte, ou melhor, nem deveria falar, pois é obrigação de cada leitor de quadrinhos acompanhar esse trabalho de David Aja, muito do que veio a trabalhar com o Gavião Arqueiro posteriormente. O ritmo que o artista impõe é lindo, cada quadro possui fruição, não ficando preso apenas nos tradicionais quatro quadros por páginas ou os quadros na horizontal, que são as manias dos desenhistas nos anos 2000. Sua arte acerta o leitor como uma excelente cabeçada do Brooklyn (sério, ao chegar nessa página dupla, não fique na splash page, olhe os quadros que você será mais recompensado).


Porém, nem tudo são flores nessa fase do personagem. Infelizmente, devido a Marvel ser um universo orgânico, onde tudo o que ocorre, ocorre com todos os personagens, essa fase do A Última História do Punho de Ferro se passa pós a famosa saga Guerra Civil. Levando isso em consideração, os leitores que tem acesso apenas a esse encadernado podem se sentir perdidos do porquê o personagem ser um herói caçado pelas agências do governo, ou qual a causa da infelicidade de Danny Rand com sua ex-namorada que apoia a iniciativa do registro (sinceramente, apesar das boas histórias na época, ignorem essas passagens e se atentem ao principal, a saga do Punho de Ferro).

Mas, então, o que ocorre quando o personagem ignora sua herança? Isso só Ed Brubaker e Matt Fraction podem responder ao leitor nesse incrível primeiro ato de uma saga bem escrita, bem desenhada e que nos leva pelo pescoço até o volume 02. Danny Rand ainda precisa saber muito pelas mãos talentosas desse trio sensacional, que promete no segundo volume tudo que uma boa história de um lutador marcial de legado precisa, e com direito a torneio de artes marciais no melhor estilo de Kung Fu.

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