Texto produzido especialmente pelo parceiro e também "quadrinhófilo"
Thiago Ribeiro, a quem a Taverna faz novamente agradecimentos especiais.
2 – Golpes incríveis com nomes próprios e descargas de energia espiritual? Confere.
3 – Personagem principal, que à la Goku ou Jean-Claude Van Damme, está pronto para vencer um torneio de artes marciais milenar em um ambiente da antiga e mística China? Não, não confere.
O segundo volume da saga do Imortal Punho de Ferro pelos escritores Matt Fraction (Homem de Ferro) e Ed Brubaker (Capitão América) continua na segunda edição da republicação da elogiada saga lançada entre 2007 e 2008 nos Estados Unidos, e em dezembro de 2016 no Brasil, com o título de O IMORTAL PUNHO DE FERRO – AS SETE CIDADES CELESTIAIS (Editora Panini, 220 páginas). A saga de Daniel Rand em busca de seu legado, que veio bater a sua porta na edição anterior (A ÚLTIMA HISTÓRIA DO PUNHO DE FERRO) na forma de Orson Randall, toma uma nova direção ao nos apresentar personagens marcantes em uma situação mais do que clássica quando se trata de artes marciais: um torneio. Mas classificar esse segundo volume da saga do Punho de Ferro como um mero torneio de arte marciais é não ver o leque de possibilidades que os escritores criam para o personagem, ou melhor, para o personagem marcante desse volume, Wendell Rand (sim, o pai de Danny e pupilo de Orson Randall, a figura que rouba as atenções no primeiro volume).
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Capa do segundo volume do "Punho de Ferro" pelas mãos de Brubaker e Fraction |
A jornada de Wendell é crível ao tentar estabelecer que o mesmo vai a Kun Lun como forma de provocação à Orson, e que ao ficar cara a cara com seu destino, o dragão Shou-Lao, há a corajosa escolha de reconhecer que aquilo não é o que quer para o resto de sua vida, destino esse que recaiu sobre os ombros de seu filho. Porém, apesar do destaque do volume ser Wendell, essa ainda é uma história de Danniel Rand. E que história...
Temos uma luta emocionante com O Vultuoso Cobra (há um desfile de nomes incríveis nesse volume). Lutas contra agentes da Hidra. A presença dos habituais heróis de aluguel (Luke Cage, Colleen Wing e Misty Knight). E uma história tirada de uma anual do personagem, que é desenhada por Howard Chaykin, onde Danny tem contato com o legado deixado por Orson.
Apesar do ritmo da leitura ser incrível, há muitos tropeços pelo meio do caminho nesse volume, muito mais que a edição 01. Os problemas começam pela falta de homogeneidade nos desenhos aqui apresentados, pois, o talentoso David Aja (Gavião Arqueiro) não desenha todas as edições e, quando desenha, não faz as 24 páginas padrões de uma edição americana. Não que os desenhistas presentes no volume sejam ruins, longe disso, até acrescentam ao material aqui publicado. Mas a mudança constante de desenhistas prejudica a leitura. Um exemplo claro é a falta de um desenho que mostre o design das Sete Cidades Celestiais, de forma individual, prejudicando o ambiente onde a revista se desenrola. E o que falar de quando um trem é destruído em uma página dupla épica e no com um virar de folha não há nenhum escombro para demonstrar o tamanho do estrago?
O problema com os desenhistas não é o único percalço presente na história. As reviravoltas envolvendo Yu Ti (líder de Kun Lun) parecem apressadas e finalizadas de modo rápido demais para desenvolver empatia pelo Trovejante (mestre dos Punhos de Ferro) ou antipatia contra o Yu Ti. Também, o vilão Xao, presente desde o primeiro volume, se mostrou vazio, apesar de haver uma desavença que envolve a família do vilão e o Punho de Ferro Orson Randall. O desenvolvimento emocional do vilão é quase zero, o que decepciona, já que há um elevado nível de personagens incríveis presente na história desenvolvida por Fraction e Brubaker.
O segundo volume de O Imortal Punho de Ferro pega o leitor que já estava ávido na leitura no primeiro volume e eleva a qualidade narrativa, usando de clichês de forma útil à narrativa. Os percalços que a narrativa encontra (troca constantes de desenhistas, vilão mal desenvolvido e reviravoltas no roteiro apressadas) não prejudicam a qualidade da edição, deixando o universo de Danniel Rand pronto para novas aventuras, mas com um gosto ruim na boca, pois o próximo volume é o último da agora clássica passagem dos excelentes roteiristas pelo título
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