
A História
Ambientado nos momentos finais da I Guerra Mundial o filme se prende em seus momentos iniciais em contar parte da origem de Diana (Gal Gadot), princesa de Temyscira, também conhecida como Ilha Paraíso, local protegido por Zeus, maior divindade da mitologia grega que criou o lugar em tempos imemoriais para se tornar morada das amazonas, suas protegidas.
Fatos estranhos como na ilha só ter mulheres são deixados pra explicar em outra ocasião. Diana cresce acreditando ser fruto de uma escultura de barro e do desejo ferrenho de sua mãe, a rainha Hipólita (Connie Nielsen) atendido por Zeus, dando-lhe o sopro da vida. Tudo isso é contado de forma rápida, mas por meio de interessantes ilustrações interativas em estilo renascentista, mostrando ainda a ascensão e derrocada do homem, de preferidos de Zeus à seres ingratos e corrompidos pela ganância e guerras, algo que nos faz lembrar em muitos aspectos a teogonia cristã.
Apesar de num momento inicial ser estranhamente protegida pela mãe, visto que se trata de uma amazona (e, como toda amazona, seu ofício seria a guerra), logo Hipólita se convence da necessidade dela ser treinada, preparada para um futuro incerto. Diana é entregue à general Antíope (Robin Wright) e se torna uma excelente guerreira, diria até que a mais poderosa dentre todas as amazonas, com força e velocidade impressionantes.
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A bela e corajosa Diana se questiona até onde vai a maldade no coração dos homens |
Sozinha após uma discussão com as outras amazonas, surge no céu um objeto em chamas que Diana nunca tinha visto até então: um avião que, em pane cai no mar. Prontamente Diana salta na água e entra no veículo, salvando seu piloto Steve Trevor (Chris Pine), que após ser salvo conta sobre os terrores que a guerra tem trazido ao mundo além das fronteiras da Ilha Paraíso, deixando Diana revoltada e ansiosa para pôr um fim no conflito, por acreditar que seria influenciado por Ares, o deus grego da Guerra, inimigo ancestral de Zeus.
Tudo isso é contado apenas em um quarto do filme, sendo o restante ambientado na Europa, passando pela Inglaterra, país de Trevor, entre outras áreas de conflito sob o domínio dos nazistas, onde Diana acreditava que deveria ir para finalmente derrotar Ares e acabar com a maior guerra que o mundo já tinha visto até então.
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A relação entre Diana e Trevor é explorada de forma a fazer a história fluir naturalmente |
Por que é o melhor filme da DC até o momento?
O filme é fluido, contando a história de forma apaixonada e natural, com uma fotografia belíssima e um cuidado especial quanto às vestimentas, sem correr ou deixar muitas pontas soltas. O estranhamento de Diana diante de um mundo totalmente estranho pra ela é muito bem trabalhado, com um humor na medida certa, sem forçar a barra (diferente do que vem ocorrendo com os filmes da Marvel, que mais vêm parecendo sessões de Stand-Up Comedy, em muitos momentos, parando a história só pra contar uma piada sem graça).
A aventura e ousadia são os motes da história, apresentando uma Diana que não teme nada e não se preocupa com convenções sociais, nem de seu povo, muito menos da Europa no primeiro quarto do século XX. Pra Diana sua missão é fazer o certo, salvar as pessoas e derrotar Ares. As outras coisas são detalhes pequenos que, no decorrer do filme vão ficando pra trás ante o carisma da protagonista acompanhada de um ótimo elenco de apoio, com alguns nomes já famosos acompanhados de excelentes surpresas, como os companheiros de Trevor e da maravilhosa em sua jornada. O filme tem ainda o mérito de se apropriar de interessantes aspectos das fases de George Perez (como a origem das Amazonas), , e Brian Azarello (como chocante a origem da própria Diana) nos quadrinhos para contar uma história que conseguiu agradar tanto fãs hardcore de quadrinhos quanto a galera que é marinheiro de primeira viagem, com uma história cativante e humana.
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O filme ainda consegue "linkar" essa história da I Guerra Mundial ao Universo DC atual através da história dessa foto |
É claramente perceptível que Gadot tem suas limitações como atriz e ainda está em construção, mas se dedicou de corpo e alma à representação da personagem, entregando juntamente com a diretora Patty Jenkis (Monster, The Killing) e o produtor Zack Snyder (Batman Vs Superman) um filme realmente memorável no meio de tantos outros. Um filme que mostra o poder das mulheres diante de uma sociedade machista e capitalista, onde a cada momento a plateia se pergunta quem é realmente selvagem: as amazonas, brandindo suas espadas e escudos ou o homem moderno, com suas armas de fogo automáticas e ganância sem fim?
Enfim, um filme questionador, que coloca dúvidas até mesmo onde elas não existiam, mostrando que todos são culpados pelos males do mundo e todos somos também responsáveis por torná-lo um lugar melhor para se viver. Tem alguma falha ou outra no roteiro e momentos clichê? Com certeza! Mas nem isso tira a graça e relevância de um filme com uma protagonista feminina e tão representativa. Vale muito a pena ir ao cinema assistir.
Clique aqui pra ler um outro review da Mulher-Maravilha
aqui na Taverna pelo colaborador e amigo Thiago Ribeiro.
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