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quinta-feira, 13 de março de 2014

Review: "Longe demais das capitais" (1986), dos Engenheiros do Hawaii

Arte de capa do LP original na época do lançamento...
O contexto é o ano de 1986, obviamente antes da Constituição de 1988 e o Brasil ainda engatinhava pra chegar à Democracia, que na verdade nunca foi plenamente alcançada. Após o primeiro “Rock in Rio”, que consolidou de vez o gênero no país, porém com o som de outras bandas nacionais, como “Os Paralamas do Sucesso” e “Barão Vermelho”, que passavam por ótimas fases musicais e poéticas. Eis que, meio que de forma apressada e gravada nas pausas entre ensaios e gravações de outras bandas maiores (hoje totalmente desconhecidas), foi concebido o LP “Longe Demais das Capitais”, primeiro dos “Engenheiros do Hawaii”, com uma sonoridade ainda em formação, indecisa, flertando com vários ritmos como o Roquenrol, Ska, Reggae, entre outros. O álbum marca a juventude da banda, quando todos sonhamos, criticamos tudo e todos e, tantas vezes, parecemos ingênuos e outras vezes até somos mesmo.

... e arte em PB utilizada em posterior
relançamento em CD
A banda gaúcha (ou portoalegrense, como quiser) foi formada pra uma única apresentação na Faculdade de Arquitetura da UFRGS e o nome é uma brincadeira (maldosa, pois existia uma certa rixa entre eles) com os estudantes de Engenharia daquela faculdade na época, que gostavam de usar calção no estilo havaiano. Inicialmente integrada por Humberto Gessinger (guitarra e voz), Carlos Maltz (bateria), Marcelo Pitz (baixo) e Carlos Stein (guitarra), na época a banda já apresentava letras ácidas e, muitas vezes pessimistas, utilizando-se de temas e frases filosóficas e sociológicas, verdadeiras análises sociais e psicanalíticas das pessoas e da própria nação. Apenas o som ainda não está definido, mas as temáticas já fincavam suas raízes fortemente nas canções da banda e são sentidas até hoje em todos os trabalhos da banda e até mesmo projetos paralelos, como o recém-lançado primeiro álbum solo de Gessinger, "Insular" ou no"Pouca Vogal", ao lado de Duca Leindecker, do "Cidadão Quem".

Um tanto quanto irregular em sua sonoridade, são destaques desse primeiro disco “Toda Forma de Poder” (politicamente pessimista), “Segurança” (irônica e ponderada entre o ter e o ser), “Todo Mundo é uma Ilha” (filosófica ao extremo) e “Crônica” (o que realmente é importante pra você?). Entendo o álbum como uma pequena mostra, na verdade, uma verdadeira promessa, cumprida com louvor a partir de “Revolta dos Dândis”, lançado no ano seguinte (que será tema de novo review aqui na Taverna), onde a banda começa a definir uma sonoridade singular no Rock Brasil que perdurou por muito tempo.

Uma das raras imagens de arquivo da época
Tracklist:
1. Toda A Forma De Poder
2. Segurança
3. Eu Ligo Pra Você
4. Nossas Vidas
5. Fé Nenhuma
6. Beijos Pra Torcida
7. Todo Mundo É Uma Ilha
8. Longe Demais Das Capitais
9. Sweet Begônia
10. Nada A Ver
11. Crônica
12. Sopa De Letrinhas



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