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Arte de capa do 2º LP da banda. |
Algum tempo após a publicação do review de “Longe Demais das Capitais” (1986), álbum de estreia dos “Engenheiros do Hawaii”, finalmente chegamos ao segundo passo da jornada dessa banda que até hoje tem dado muito o que falar no "Rock made in Brasil", sendo uma das que conseguiram manter o maior número de fãs fiéis que, mesmo com a atual “pausa por tempo indeterminado” decretada pelo líder da banda, permanecem seguindo seus passos em projetos paralelos, como o “Pouca Vogal” (2008-2012) e “Insular” (2013- ), seu primeiro álbum solo.
O segundo disco dos Engenheiros, “A Revolta dos Dândis” (1987) foi definitivo para a formação mais marcante e duradoura da banda, que definiu de vez sua sonoridade tornando-a aquela banda que ou você ama ou odeia (sem meio-termo, pelo menos até o “Acústico MTV”, de 2004). Tudo isso com apenas três integrantes: Humberto Gessinger (que substituiu a guitarra pelo baixo na grande maioria das canções), Carlos Maltz (Bateria) e o então novato na banda e exímio músico Augusto Licks (guitarra), que deu o toque final, determinando de vez a plástica da sonoridade da banda, sem simplificações, recheada de riffs, solos (distorcidos ou mais melódicos) e a acordes dissonantes.
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A formação foi a mais conhecida e característica da banda |
Várias são as canções marcantes do álbum, muitas delas reconhecidas até hoje como as melhores da banda, como “Infinita Highway”, que emula temas característicos da jovem guarda apesar da sonoridade tão distante, como a vida livre nas estradas em “As Curvas da Estrada de Santos”, escrita por Roberto Carlos quase 20 anos antes. “Refrão de bolero”, com seu início lento e sussurrado e final agressivo e desesperado é outro grande sucesso deste álbum, que conta ainda com ótimas canções como “Revolta dos Dândis I e II”, com mesmo arranjo em diferentes letras, tempos e instrumentos, mas ao mesmo tempo complementares (intratextualidade, pros amantes da gramática), uma característica que até hoje se repete tanto nos álbuns da banda quanto em outros projetos paralelos de Gessinger. É como se as canções da banda conversassem umas com as outras e estivessem em constante processo de mutação e, o melhor, quem ouve participa disso.
“Terra de Gigantes” é outra ótima canção do LP. Ela se utiliza do título de um antigo seriado americano pra mostrar a situação do jovem brasileiro, que se sentia e ainda sente um alienígena, pois não se reconhece nas produções culturais que são feitas especificamente para eles, se vendo como “uma banda numa propaganda de refrigerantes”, ou seja, sem saber ao certo o que e por que está fazendo as coisas. Mudam apenas as bandas, mas os refrigerantes continuam por aí.
Até mesmo as canções “Lado B” do disco (pouco conhecidas do grande público) geram interessantes reflexões sobre temas filosóficos ou políticos, como acontece com a crítica e filosófica “Filmes de Guerra, Canções de Amor”, que batizou um futuro (e ótimo) álbum ao vivo da banda, um dos mais bem elaborados da carreira e, definitivamente deu uma guinada pra melhor na produção da banda. Outra ótima canção que merece destaque é “Além dos Outdoors”, uma análise da aldeia global em que estamos inseridos e que hoje só cresceu em relação à época do lançamento dessa obra-prima da banda, com sua capa amarela com engrenagens, que se tornaram símbolo da banda. Um álbum que quem gosta, o mínimo, da banda tem obrigação de conhecer.
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Humberto passou a tocar baixo na maioria das canções a partir deste disco e Licks dominou a guitarra |
Tracklist:
1."A Revolta Dos Dândis I"
2."Terra De Gigantes"
3."Infinita Highway"
4."Refrão De Bolero"
5."Filmes De Guerra, Canções De Amor"
6."A Revolta Dos Dândis II"
7."Além Dos Outdoors"
8."Vozes"
9."Quem Tem Pressa Não Se Interessa"
10."Desde Aquele Dia"
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