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segunda-feira, 4 de abril de 2016

Review: "Batman vs Superman: A Origem da Justiça"

É impossível não avaliar Batman vs Superman: A  Origem da Justiça de Zack Snyder (300, Watchmen, O Homem de Aço) como uma produção controversa. O filme oscila entre momentos simplesmente geniais, com uma fotografia linda, forma midiatizada e por vezes até poética de contextualizar a história, semelhante ao que vimos há 30 anos na HQ Batman: O Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller (obra na qual foi parcialmente inspirada) e outros nem tanto, como algumas soluções que renderam grandes viradas na história que simplesmente desconsideram a inteligência do público.


Na trama temos um Batman (Ben Affleck) já cansado da luta contra o crime e em processo de aposentadoria. O cara é violento e não mede consequências pra conseguir o que é necessário pra manter sua cidade em ordem. O Superman (Henry Cavill), como sempre, um chato que não sabe bem o que quer e ainda não compreende qual seu papel no mundo. A história se inicia durante os acontecimentos ocorridos no insosso O Homem de Aço (2013), também de Snyder, mostrando o ponto de vista de Bruce Wayne de uma batalha do Super contra o general Zod (Michael Shannon) e seus comparsas. Importante destacar que isso representa o mesmo pensamento de boa parte da humanidade, que, assim como o Cavaleiro das Trevas, passa a encarar o super-herói alienígena como uma ameaça. O confronto se inicia no campo das ideias, tendo de um lado a visão de Batman, preocupado em defender não apenas sua Gotham, mas também o restante do mundo, de outro, temos um Superman também preocupado em proteger o mundo, porém, devido a seus poderes divinos sendo visto não apenas por pessoas influentes, como Batman Lex Luthor (Jesse Eisenberg).

A primeira metade do filme é bem lenta, preocupada em mostrar o contexto e desenvolvendo sem atropelos a história até um ponto de virada genial que leva o expectador a esperar um algo mais, quando, muito pelo contrário e salvo algumas exceções (como a excelente participação de Gal Gadot como Mulher Maravilha). A luta entre os dois, apesar de muito bem coreografada, tem uma desculpa pra lá de esfarrapada (você deve perceber isso quando assistir) e um desfecho ainda mais idiota. Só sobra a pancadaria descerebrada parecendo aqueles filmes idiotas que todos adorávamos quando éramos crianças. Testosterona pura!  Após a luta dos dois icônicos heróis da DC, temos o surgimento de um novo inimigo: Apocalypse (aliás, numa versão bem diferente do que temos nas HQs) e também com motivações bem diferentes. Os pontos em comum são a capacidade de evoluir pra enfrentar qualquer inimigo, o ódio pelo Superman e mais uma ou duas coisinhas que, caso conte aqui acaba com o prazer de quem ainda não viu o filme.

Um colega meu comentou em outro review que a saga do herói (Superman) está lá juntamente com um toque de cristianismo, tendo um ser poderosíssimos que tenta ser aceito pela humanidade (representada por Batman e Luthor), mas acaba, sem querer, dividindo-a. Concordo com ele nesses pontos, destacando ainda as excelentes atuações de Affleck no papel do atormentado morcego de Gotham, da já citada Gadot, cujo porte atlético e aparência exótica (ela é Israelense) dão um toque diferenciado à personagem. Eisenberg também nos apresenta um Lex Luthor diferente do que estamos acostumados, pelo menos nas telonas, com um toque hipster, utilizando sua inteligência da forma que considera a mais correta com o pretexto de proteger a humanidade. 

Teve gente reclamando da falta de humor na produção. Concordo em parte, pois os da Marvel muitas vezes pecam pelo excesso, tornando engraçadas até mesmo cenas que precisariam de um pouco mais de densidade, o que por exemplo era conduzido de forma muito interessante por Cristopher Nolan em sua excelente Trilogia do Cavaleiro das Trevas, com um humor mais ácido, tendendo pro Humor Negro, mas repleto de comentários sarcástico, destacando a personalidade sombria dos personagens. 

Outro detalhe que ainda não tinha comentado é que, além da Trindade, finalmente o Universo DC compartilhado está chegando aos cinemas e, apesar de um ou outro atropelo, o filme nem de longe pode ser considerado ruim, tendo conseguido boa arrecadação. A missão das produções seguintes, como o vindouro Esquadrão Suicida é ir aparando as arestas até dar uma cara específica à lendas da DC na sétima arte. Que venham os filmes da Mulher Maravilha, Flash, Aquaman e, claro, um solo do Batman, que Ben Affleck, inclusive disse já estar trabalhando no roteiro juntamente com o quadrinhista Geoff Johns (Lanterna Verde, Liga da Justiça, novos 52).

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