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Logo da banda remete ao psicodelismo dos anos 70 e à Tropicália |
Há um bom tempo a cena (Pop)Rock nacional está carente de bandas realmente interessantes (e, sob certa medida, inovadoras) e foi justamente de onde menos se esperava que surgiu, antes tarde do que nunca, a bem-vinda surpresa. Formada em 2010 em Fortaleza-CE (terra conhecida pelas bandas de forró) por Gabriel Aragão (voz, guitarra e piano), Rafael Martins (voz e guitarra), Caio Evangelhista (baixo) e Nicholas Magalhães (bateria) os Selvagens à Procura de Lei ou simplesmente "SaPdL" fazem uma fusão de várias vertentes do roquenrol. Ouvindo o álbum homônimo lançado no ano passado, o primeiro do quarteto lançado por uma gravadora, é possível viajar à várias épocas diferentes, desde os Beatles (anos 60), passando pelo Pink Floyd e Tim Maia (anos 70), Legião Urbana e Cazuza (anos 80), chegando a bandas mais atuais, como The Strokes, Franz Ferdinand ou Artic Monkeys, entre várias outras que eu, por limitação de conhecimentos musicais, talvez não tenha isolado.
A temática das letras oscila entre a MPB dos anos 70, um dos períodos de alta criatividade na música, com referências a artistas como Fagner, Belchior (“...as velas do Mucuripe vão bater no Planalto Central”, dizem eles em Mucambo Cafundó), Milton Nascimento, entre outros e do Rock/Brasil dos anos 80, principalmente por conta da rebeldia de algumas delas, como “Brasileiro”, “Massarara” e “Mocambo Cafundó” com temáticas similares ao que sentimos ouvindo “Que País é Este” (Legião Urbana) ou “Brasil” (Cazuza). Hinos de revolta contra a situação do país e a própria inércia das pessoas diante disso. Convenhamos, estava mesmo faltando rebeldia aos nossos jovens roqueiros atuais, que tantas vezes mais têm se preocupado com suas roupas ou penteado que com a música que fazem.
O quarteto consegue ser inteligente sem ser chato, como podemos conferir em “Senhor Coronel” (uma reflexão sobre o que realmente é importe na vida) ou “Crescer dói”, sobre aquele momento entre o fim da adolescência e começo da idade adulta, repleto de dúvidas e medo do desconhecido, onde a principal pergunta é: o que eu quero mesmo da minha vida?
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Imagem de capa do CD da banda, lançado no ano passado |
Outra característica marcante da banda é que todos cantam uma hora ou outra, como vocal principal ou backing vocal (sempre corretos e bem executados). Até mesmo Nicholas, sem se distanciar das baquetas, teve o ensejo de mostrar seu lado vocalista no refrão de “Despedida”. Todos o fazem, sem com isso deixar “cair a peteca”, mantendo um bom nível vocal em todo o álbum. A banda consegue manter uma boa coesão, sem grandes oscilações que poderiam baixar a qualidade em algum momento.
Quanto à parte instrumental, a maioria do repertório é à base de guitarras, baixo e bateria, mas há também a presença marcante de um piano eficiente em algumas faixas, sobretudo nas canções mais românticas ou reflexivas. A banda foge de simplificações, com arranjos relativamente ousados, sobretudo se comparado a outros grupos atuais. Sempre alguém está fazendo alguma coisa diferente de apenas uma simples batida nos acordes de seu instrumento, com riffs ou dedilhados interessantes à guitarra, linhas de baixo marcantes ou viradas de bateria que em muitos momentos dão aquele quê a mais nas canções.
Se você ficou curioso e quer saber um pouco mais sobre a banda, eles têm um site interessante onde além de vídeos e fotos apresentando a banda e informações sobre o que eles andam fazendo, disponibilizam algumas músicas para download gratuito e o CD da banda em formato digital à venda através do iTunes. Cliquem aqui e confira, que vale a pena, pois tem muita coisa anterior ao lançamento ao álbum aqui comentado que nos faz conhecer ainda melhor as influências e a qualidade dos som da banda. Abaixo você pode conferir o clipe de Mucambo Cafundó, lançado em 2011 pela banda, que foi apontada como grande aposta pela VMB 2012 (premiação da MTV Brasil). Entre outros importantes festivais, a banda está confirmada pra toca no Loolapalloza Brasil 2014 no próximo dia 06/04.
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