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quarta-feira, 2 de abril de 2014

Review: "300 - A Ascensão do Império"

Admito que estava muito curioso e esperançoso com relação à “300 – A Ascensão do Império” (Noam Murro) quando fui ao cinema há alguns bons dias (Desculpe a demora pra esse review). O filme que narra, com “gigantescas licenças poéticas”, a Batalha de Salamina, frete marítima da Guerra entre os Gregos e Persas (simultânea à Batalha das Termópilas), que tentavam expandir seus domínios no território e dominar grandes cidades como Atenas e Esparta no século V a.C. (conhecida nos livros de história como "Guerras Médicas" ou "Greco-Persas") tenta manter o tom de “300” (2006), é bem verdade, mas a pergunta que fica ao final é: seria mesmo necessária sua realização?

Pra começo de conversa, a proposta inicial da película é que ela deveria, assim como sua antecessora ser baseada em uma Graphic Novel de Frank Miller, nunca concluída. O problema é que o estúdio tinha pressa e não estava disposto à esperar a boa vontade do “pai” dos 300 para concluir sua obra, que deveria servir de base para o roteiro do novo filme, tal qual aconteceu com o filme de Zack Snyder. Como dizem, a pressa é mesmo inimiga da perfeição. O filme respeita muito a obra original (tanto que prejudica o bom andamento da história contada), cuja maior parte se passa em paralelo. Vendo o filme, parece que a melhor parte mesmo ficou pro espartano Leônidas (Gerard Butler) e seus 300 jovens soldados que tiveram sua “Bela Morte”. O ateniense Themístocles (Sullivan Stapleton), que, de acordo com o que mostra o novo filme teria sido o responsável pela morte de Dario (pai de Xerxes, novamento vivido por Rodrigo Santoro) dez anos antes, apesar de grande estrategista, parece correr à margem da história que ele mesmo é protagonista, não passando de uma sombra do que Leônidas representou brilhantemente em "300".


O filme se perde em burocracia (ou seria democracia?), conversas muitas vezes desnecessárias, frases de efeito (que, na verdade, não surtem efeito) e interpretações que ora lembram desenhos animados da Disney, ora a trama de uma novela mexicana, com vilões caricatos e atuações tão exageradas que beiram à comédia muitas vezes. A cena única e longa de sexo do filme, por exemplo, chega a ser hilária em vários momentos. Não sei se era bem essa a intenção. Parece que falta motivação aos personagens na maior parte do tempo (o que havia de sobra nos espartanos) e as coisas acabam ficando bem aquém da expectativa gerada pelo excelente primeiro filme.

Enquanto "300" mostrou muito sobre o que era ser um espartano nas mentes e corações dessas pessoas, mostrando seus domínios, sua cultura guerreira, treinamentos e filosofias de vida, esse filme mal deu uma pincelada sobre o que seria um ateniense, falando rasamente até mesmo sobre a democracia, ponto de virada entre as culturas das duas Cidades-Estado gregas. A própria cidade mal aparece na trama. Apenas em uma breve cena enquanto literalmente queimava. A democracia é tratada de forma totalmente superficial, sem grandes explicações, deixando a plateia, literalmente, no vácuo. 

O filme conseguiu tornar o original ainda mais grandioso


O filme não pode ser considerado péssimo, pois tem ótimas cenas de ação e efeitos especiais interessantes com aqueles slow-motions, mutilações à rodo e baldes e mais baldes de sangue grosso como tinta látex (que tanto marcam a estética "300") e truques de câmera peculiares (apesar de toda a escuridão em todas as cenas que se passam no mar) e algumas sacadas interessantes, como a origem de Xerxes (novamente relegado a expectador de praticamente toda a ação) como um Deus-Rei. O problema é que no final das contas o personagem era mais um bobo da corte que qualquer outra coisa. Confesso que a origem de Artemísia (Eva Green), a grande vilã da nova trama é um dos pontos altos do filme, justificando em parte, o ódio que ela, mesmo tendo origem grega, tinha por seu próprio povo. A cereja do bolo foi a participação pontual de Gorgo (Lena Heady), servindo de link entre os protagonistas e ideologias dos dois filmes, apesar do exagero na sua participação na cena final do filme (mesmo pra uma mulher espartana).

Enfim. Aconselho que faça como eu fiz. Use as resenhas apenas como referência e busque tirar suas próprias conclusões sobre ele, que, apesar de tudo, não deixa de ser uma boa diversão e merece ser visto por que gosta do gênero.

Clique aqui pra ver o trailer do filme.

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