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sexta-feira, 4 de abril de 2014

Review: Robocop (2014) - Nem todo filme de ação precisa ser vazio

Primeira armadura foi uma homenagem ao filme original
Já faz alguns bons dias que assisti à nova encarnação do “Robocop” para as telonas (que permanece em cartaz em alguns cinemas brasileiros) e tinha um review em mente desde o começo, o que, por uma série de eventos infelizes, acabou sendo atrasado até hoje, quando pretendo corrigir essa pequena falta. O filme reinicia e atualiza a franquia iniciada em 1987, com por Paul Verhoeven ("Instinto Selvagem", de 1992) e dessa vez foi dirigido pelo brasileiro José Padilha, que meio que “pegou o bonde andando”, mas, apesar de tudo, acabou deixando-o “com a cara” do cineasta que trouxe à luz o ótimo e bruto “Tropa de Elite” (2007) e o irretocável, filosófico (e, também, bruto) “Tropa de Elite II – O Inimigo Agora é Outro” (2010). Com um diretor que já tinha filmes como estes no currículo, fui à sala escura com as melhores expectativas possíveis e posso dizer que foram atendidas à contento. 

Padrilha conseguiu deu
novos ares  os conceitos 
Trata-se de um filme de ação, mas não um produto acéfalo, simplesmente uma soma de coisas em busca de bons números nas bilheterias. Há temas atuais, como as altas taxas de criminalidade dentro e fora dos Estados Unidos, o uso de drones para proteger vidas de militares norte-americanos, terrorismo, corrupção, uso massivo dos meios de comunicação como forma de manipulação da audiência (alguém já ouviu falar em “Teoria da Bala Mágica”?) e a impossibilidade de uma máquina possuir qualquer tipo de sentimento, tudo isso num caldeirão de referências que nos colocam dentro de um mundo onde encontrar um policial honesto é praticamente um milagre. O filme trás dá uma nova visão ao tempo em que presta homenagem ao original, inclusive com o uso de um drone muito parecido com o usado na trilogia anterior.




A história
Drone usado em guerras no exterior
O policial Alex Murphy (Joel Kinnaman), feliz ou infelizmente, é um exemplar dessa espécie em processo de extinção e, no meio de uma investigação onde se infiltrou junto com um parceiro de longa data em uma rede de tráfico de armas (que, “por acaso”, deveriam estar sob custódia da própria polícia) acabou se tornando um incômodo e, por isso sofreu um violento atentado, que lhe custou a humanidade. Aproveitando-se da situação em que o policial (praticamente morto) e sua família (desesperada) se encontravam, principal executivo da fabricante de drones, Raymond Sellars (Michael Keaton), viu a possibilidade de finalmente conquistar o público estadunidense que aceitava o uso de máquinas contra o terrorismo em guerras fora de seu território, mas relutava contra seu uso no crime nas cidades, contra seus próprios cidadão. O que poderia ser melhor do que usar um “meio termo” pra conseguir essa aprovação pública? Um “homem-robô” foi a solução encontrada pelo inescrupuloso empresário, que foi à últimas consequências na expectativa de transformar seus conterrâneos consumidores de seus drones.

A grande contradição: homem x máquina
O problema é que o desempenho das máquinas se mantém sempre superior ao do tal meio term"Robocop"), que raciocina influenciado por suas experiências de vida e sentimentos e é ai que começa a grande virada na trama. Manipulações e golpes publicitários, alterações no sistema de Murphy até torna-lo praticamente um “cyberzumbi” (não consegui encontrar temo mais adequado) a fim de torna-lo cada vez mais eficiente no combate ao crime, com o custo de sua humanidade. A partir de então tem início uma discussão ética envolvendo o Dr. Dennet Norton (o sempre ótimo Gary Oldman), um visionário pesquisador cujo maior interesse sempre foi ajudar pessoas que sofrearam amputações a voltarem a ter uma vida normal. A pergunta que fica é até que ponto é válido fazer coisas que em nosso íntimo consideramos erradas pra conseguir um objetivo, por mais nobre que ele seja?
o (o próprio

Samuel L. Jackson foi responsável pela ambientação
O onipresente Samuel L. Jackson, interpreta Patrick “Pat” Novak, apresentador do programa de tevê “The Novak Element”, veemente defensor do uso de drones contra o crime organizado. O cara dá um show à parte, pois apesar de suas participações pontuais, dá o tom do filme, gerando toda a expectativa em cima do assunto e da discussão, sendo sacana em muitas ocasiões e encerrando a projeção com uma declaração que, pessoalmente, considero uma grande piada, dado tudo que foi mostrado ao longo da película. 

As controvérsias
O filme não deixa de ser controverso. Teve gente que criticou o uso do preto na armadura do cara (O que, pessoalmente, achei uma boa opção, por ter dado um som mais sério e sombrio) e também aqueles que tiveram uma outra compreensão do filme. Um amigo meu, disse que era uma propaganda descarada do "American Way of Life" (modo de vida americano), enquanto eu acredito que seja exatamente o contrário: uma crítica ferrenha a todo o sistema capitalista selvagem no qual eles e nós mesmos aqui embaixo estamos inseridos em maior ou menor grau. 

O cara também ganhou mais mobilidade, o que gerou comparações com o nosso bom e velho "Iron man", mas, também pessoalmente, achei uma boa opção, pois aí, sim seria uma coisa aos criminosos temerem. Aquela vagareza toda na trilogia anterior era praticamente um convite a uma "tocaia". Com isso o Robocop se tornou efetivamente uma ameaça real e iminente.   

O uniforme preto (mais tático) usado em boa parte do filme
É um filme de ação? Sim, com certeza! e recheado de efeitos especiais "triloucos". Por outro lado, consegue ir além da mera diversão por uma hora e meia, chegando a gerar discussões válidas que poderiam inclusive ser tema de redação em vestibulares Brasil afora, sem bem que eles estão ficando fora de moda. Talvez devesse ter dito apenas Enem (desculpem pela divagação). “Ação com miolos” seria um bom nome para o gênero desse tipo de filme. Tomara que surjam mais como estes nos próximos anos. O público só teria a ganhar e o estúdios também, já que conquistou bons números na bilheteria.

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