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sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Review: "X-Men - Dias de um Futuro Esquecido" - Boas homenagens e um novo momento da franquia

Outro filme que eu estava devendo um review há tempos é X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, de Bryan Singer (Operação Valquíria), que dirigiu as duas primeiras e bem-sucedidas produções da franquia e produziu a eficiente retomada da série com X-Men: A Primeira Classe. Pra começar trata-se de um filme complicado de se produzir por incluir elementos complexos de viagem no tempo e uma intrincada cronologia cinematográfica das produções da Fox (quase tão confusa quanto as HQs), que não tem se preocupado muito (na verdade, quase nada) com a coerência de vários personagens que tiveram diferentes versões ao longo dos três filmes anteriores, dois solo de Wolverine e mais um de X-Men: A Primeira Classe, com histórias que entram em conflito umas com as outras em vários pontos.


A história nas HQs
A ideia inicial seria usar como base uma das últimas e melhores histórias dos mutantes produzida pela dupla Chris Claremont/John Byrne. Na história original os mutantes são considerados criminosos e presos por seu potencial destrutivo, ainda que não sejam criminosos, como é o caso dos X-Men, que já tem muitos de seus membros mortos, outros prisioneiros e alguns fugitivos. Nessa história dividida em duas partes eles ficam à mercê das Sentinelas (Robôs gigantescos criados pra caçar mutantes), que acabaram tomando o controle após um assassinato muito específico que desencadeou uma perseguição desenfreada contra os mutantes. Nos quadrinhos o enredo se passa num futuro distópico onde a, então recém-incluída na equipe, Kitty Pryde, já está com alguns anos e muito sofrimento nas costas e acaba recebendo a missão de, por meio de um plano mirabolante, voltar ao passado e impedir que ocorra um evento que supostamente desencadeou outros acontecimentos que levaram àquele realidade sombria.

A adaptação
No filme a cronologia é totalmente diferente e, portanto, vários elementos foram alterados, como o próprio viajante do tempo, que passou a ser a escolha mais óbvia possível: Wolverine (Hugh Jackman), com a desculpa de que a viagem ao seu corpo do passado lhe causaria danos mentais e blablablá que apenas ele, com seu fator de cura seria capaz de suportar. Tudo bem. Aceitável pelo fato de atualmente ele ser o grande personagem dos X-Men (tanto nas HQs quantos nos filmes), diferente do momento em que a história original foi publicada, quando ele era um personagem secundário que apenas começava a ganhar destaque.

O filme acaba trabalhando com três linhas do tempo distintas. O futuro sombrio, os anos 70 (posteriores aos eventos passados em Primeira Classe) e o presente (que só aparece mesmo no final do filme. No futuro, onde muito da ação ocorre paralelamente ao que ocorre no passado, pois o corpo de Logan se encontra lá e apenas suas memórias são enviadas à seu corpo mais jovem, rendendo interessantes cenas, onde o personagem busca, a princípio entender o que está acontecendo, pra depois dar prosseguimento à sua missão.

O filme não seria tão bom sem Mística e sua fúria
Um monte de coisas acontecem ao mesmo tempo (em tempos diferentes), com ótimas atuações, sobretudo do grupo dos anos 70, com Michael Fassbender como Magneto, James Mcavoy como Professor X. O Wolverine de Jackman, continua impecável em qualquer linha época (não tem como culpá-lo pela m&rd@ que foi Wolverine: Origens. O cara é muito esforçado). A Mística defendida novamente por Jennifer Lawrence ganhou um destaque que nunca teve em qualquer filme da  franquia, mostrando que ela é sim uma grande atriz, Lince Negra (Ellen Page) não tem o destaque dos quadrinhos na história, mas é de fundamental importância para o funcionamento da trama. Tivemos também algumas participações especiais da "velha guarda" como o Prof. Xavier (Patrick Stewart), Magneto (Ian Mckellen), Tempestade (Halle Berry), o Homem de Gelo (Shawn Ashmore), da primeira franquia de filmes X e novatos como Mancha Solar (Adan Canto), Bishop (Omar Sy)e Blik (Fan Bingbing), entre outros, que renderam interessantes e devastadoras cenas de ação no futuro.

O roteiro acabou usando mesmo como base de acontecimentos definitivos o que se passa com os personagens da nova franquia dos mutantes, renovada com a X-Men: A Primeira Classe, onde o grosso da ação se passa, com os demais personagens aparecendo mais como homenagens, que qualquer outra coisa e Wolverine, que teoricamente seria o protagonista da trama, apenas servindo como elo entre as diferentes tramas, cujos protagonistas/antagonistas mesmo são o professor Xavier, Magneto e Mística, cujas ações realmente acabam bagunçando as coisas ao longo do roteiro. Enquanto Logan na maioria do tempo apenas interage com eles e é simplesmente descartado do cenário principal em certa altura da história.

Os pontos altos
Destaque para a mescla novamente feita entre realidade e ficção, semelhante ao que aconteceu em Primeira Classe, que usou de forma inusitada o contexto histórico em que estava inserido com desdobramentos na Crise dos Mísseis de Cuba, ocorrido durante a Guerra Fria, aqui temos Magneto preso como suspeito de um assassinato que mudou a história dos Estados Unidos e do mundo, ou seja, um mutante, como um dos maiores assassinos da história, definitivamente criaria grande pânico nos líderes mundiais, que poderia, influenciar no futuro catastrófico apresentado na linha futura do filme.

As sentinelas também são um show à parte com seu visual muito mais interessante que os gigantes púrpuras e burros das HQs, aqui temos duas versões, a futura feita em metal líquido (meio parecidas com o vilão de O Exterminador do Futuro II, tudo bem) e a da década de 70 como um androide feito em material não-metálico (claro!) e com visual bem mais modernoso que o até hoje mantido nos quadrinhos. Outro destaque é a curtíssima, mas interessante participação de Mercúrio (Evan Peters), como um jovem criminoso que participa da cena mais legal do filme e também uma das mais importantes. 

Trata-se de um filme bom? Com certeza. Um dos melhores da franquia, ao lado de X-2, também de Singer com um roteiro leve (como deve ser pra não aumentar a censura sobre a idade) com toques sutis de humor, muita ação (sobretudo no futuro), conflitos ideológicos que sempre marcaram os X-Men e ainda conta com um elenco cheio de atores com que hoje hoje já têm uma sólida carreira, sendo considerados astros e estrelas. Agora, se a intenção era atar todos as pontas soltas e resolver de vez a questão cronológica dos filmes X, parece que a meta não foi tão bem atingida, afinal, Xavier tinha morrido ao final de X-Men 3 (o que foi solenemente ignorado, quando ele apareceu no futuro) e algumas coisas ficaram um tanto confusas, como, por exemplo, em que momento exatamente se passa a cena final do filme. Mexer com viagens no tempo pode até parecer uma boa solução pra resolver problemas cronológicos, mas é meio complicado, pois há uma série de variantes a se considerar. De qualquer forma, há muito mais prós que contras e, pelo menos dessa vez, a Fox conseguiu acertar com os super-heróis da Marvel, que têm amargados produções de qualidade duvidosa ao longo dos últimos anos, salvo exceções.Vale muito a pena assistir.

Lembro que vale a pena esperar as letrinhas terminarem de passar no final do filme, pois a cena pós-crédito dá um curto spoiler sobre o vindouro vilão já confirmado X-Men : Apocalypse, cuja trama se passará nos anos 80 novamente com os atores de Primeira Classe e a direção estará novamente nas mãos de Singer, como foi confirmado essa semana. Deixando de lado os problemas cronológicos a partir desse próximo filme, as tramas devem correr mais soltas e descompromissadas, podendo render ótimas produções que agradem tanto fãs quanto amantes do cinema.

Confira abaixo o making-off quentinho (vai estar nos extras do Bluray) da cena do Mercúrio que comentei acima, de longe, a mais divertida do filme:

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