O quadrinhista piauiense Caio Oliveira (Foices e Facões – A Batalha do Jenipapo) lançou recentemente "Super-Ego" (infelizmente, por ora, disponível apenas em inglês), uma Graphic Novel autoral que conta com sua arte e roteiro ambientada no mundo dos super-heróis. A trama apresenta as “neuras” desses seres poderosíssimos que, como nós, reles mortais, às vezes precisam da ajuda de um profissional pra enfrentar seus dilemas.
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A Taverna entrevistou o cara sobre sua carreira, sua nova obra, os mercados nacional e internacional das HQs sua parceria com o irmão e sócio na livraria Quinta Capa Quadrinhos, Bernardo Aurélio , também quadrinhista, autor de Por Dentro do Máscara de Ferro e parceiro de Caio em Foices e Facões - A Batalha do Jenipapo, obra que trata de um importante episódio pouco comentado nacionalmente da história do Brasil.
Confira a entrevista abaixo:
TP!- Como e com que idade você começou a ler HQs?
Caio - Meu pai já nos dava gibis (a mim e meus dois irmãos) antes mesmo da gente aprender a ler. Lembro de acordar e encontrar na cabeceira da cama um monte de gibis variados, de Turma da Mônica a X-Men, gibis dos Trapalhões, do Zé Colmeia, Manda Chuva, Heróis da TV, enfim, gibi de todo tipo! A maioria se perdeu, a gente não sabia ler, então pintava ou recortava pra brincar com os "bonequinhos de papel". Meu "bonequinho" favorito era um Tocha Humana voando, pelo John Byrne (X-Men, Quarteto Fantástico).
Caio -Também muito cedo. Eu desenhava meus próprios gibis em cadernos de pauta. Sempre histórias de super-heróis, que eram meus favoritos. Eram muito tosquinhos, claro, mas foi muito importante no processo de aprendizado, que apliquei depois nos fanzines.
TP!- Como tem sido a experiência de produzir HQs aqui no Piauí?
Caio - Hoje em dia, com a internet, o lugar onde se produz é quase irrelevante. Viver nos grandes centros é uma experiência bacana pelo contato pessoal com outros artistas, editores, eventos especializados, enfim, pessoas do meio editorial, mas a parte braçal da coisa pode ser feita em qualquer lugar.
TP!- Você tem algum tipo de trabalho paralelo?
Caio - Junto com meu irmão montamos uma loja especializada em quadrinhos em Teresina, a "Quinta Capa". Não vai nos deixar ricos, mas paga as despesas básicas. Além disso, aqui e acolá aparece um serviço de ilustração pra tirar um extra.
TP!- E sua parceria com o Bernardo? Como ficou dividida a produção?
Caio - Eu e o Bernardo (meu irmão) temos vários projetos próprios que vamos tocando em paralelo com a loja sempre que podemos. Juntos fizemos apenas "Foices e Facões" (onde fiz os esboços que foram finalizados por ele, que também ficou responsável pelo roteiro), uma história curta do Máscara de Ferro, e temos planos de uma adaptação de Noite na Taverna (um dia!).
TP!- É possível viver desse tipo de arte no Piauí?
Caio - Se você conseguir um contrato com alguma editora gringa das grandes (Marvel ou DC) sim. Não é meu caso, até agora só peguei trabalhos independentes.
TP!- Como você vê avalia a qualidade das HQs atuais no mercado internacional? O que tem se destacado na sua opinião?
Caio -Tenho lido pouco do material que fez minha cabeça quando moleque... das grandonas, só tenho lido Homem-Aranha, e mesmo assim sem muita empolgação. Tem material bacana saindo, como "Thor" do (Jason) Aaron, "Gavião Arqueiro" do (Matt) Fraction, e "Demolidor" do (Mark) Waid (e, se garimpar bem, dá pra encontrar mais), mas perdi o pique de acompanhar as mensais. Mas tenho acompanhado avidamente o trabalho do (Robert) Kirkman em "The Walking Dead" e "Invincible", dois materiais sensacionais.
TP!- E a produção nacional? Como você a vê atualmente?
Caio - Os mais otimistas apontam o atual momento como o revival da produção nacional, por conta do gás que o Catarse injetou no mercado. Não sei se é pra tanto, mas tem muita coisa bacana saindo sim. Espero que o Catarse seja uma ferramenta que tenha vindo pra ficar, e não seja apenas uma bolha.
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Ilustração (autorretrato) de Caio Oliveira utilizada atualmente na capa de sua página no Facebook |
TP!- Fale um pouco sobre Super-Ego, seu último trabalho.
Caio - "Super-Ego" foi um projeto que comecei a trabalhar em 2006, quando planejei umas tiras cômicas com um psicólogo conversando com super heróis como o "Batman", "Homem-Aranha", "Hulk", etc. Percebi que poderia fazer algo maior com esse conceito e criei a história em 4 partes. O conceito permaneceu o mesmo, "tratar" os super heróis de seus traumas.
TP!- Como surgiu a oportunidade de publicar no mercado norte-americano?
Caio - Assim que terminei o gibi, em meados de 2008, tentei vender o projeto pra várias editoras grandes (nacionais e gringas), mas sem sucesso. Então engavetei o projeto e ficou por isso até que Mike Kennedy, um americano dono do site sequentialink perguntou se eu tinha interesse em publicar a história no site dele. Aceitei e um dia ele resolveu publicar impresso, por uma editora que estava montando, a Magnetic Press.
TP!- Como adquirir um exemplar?
Caio - Está a venda no site amazon.com, ou através do site da editora. Também ainda possuo as últimas edições que me foram cedidas pela editora à venda na Quinta Capa Quadrinhos.
TP!- Como o leitor pode acompanhar sua produção atualmente?
Caio - Tenho produzido muitas tiras e ilustrações que tenho publicado na minha página do Facebook Cantinho do Caio. Procurem lá que tem muito material bacana!
TP! - Que recado você deixa pra quem, assim como você e seu irmão, pretende se tornar um quadrinhista?
Caio - Muito treino e muita persistência. Eu tenho feito o primeiro desde sempre, e o segundo desde 2006, quando preparei meu primeiro teste. Perdi as contas de quantos "nãos" já ouvi e quantos ainda ouvirei. Faz parte.
Confira abaixo o interessantíssimo e muito bem produzido trailer da Graphic Novel "Super-Ego" (em inglês, com legendas em português):
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