"Samurai de Olhos Azuis" é o grande lançamento em animações que estreou na Netflix no finalzinho de 2023 e, estranhamente, tem chamado pouca atenção e comentários na web, comparado com vários outros lançamentos recentes. A série é uma animação adulta com temática de Samurai, apresentando uma história de vingança, porém, sob um ponto de vista um tanto inusitado: a indesejada presença de "mestiços" (com sangue de japonês misturado ao de estrangeiros) em plena Período Edo no Japão (1603-1867), com suas fronteiras fechadas para tudo que vinha do "mundo exterior", quando essas pessoas eram vistas como "demônios" ou "animais", ou, ainda, menos que isso, e completamente excluídos da sociedade. Pois é: nosso(a) protagonista Mizu (Maya Erskine) é um(a) "mestiço"(a), como seu olhos azuis atestam. Assistindo, você entende melhor os parênteses. E, não se preocupe. Há muita coerência no que é apresentado.
O mais interessante na proposta de "Samurai de Olhos Azuis" é que a história vai sendo apresentada em camadas, num ritmo que envolve flashbacks importantes que vão aparecendo aos poucos e que fazem muito sentido e diferença no presente, e não, simplesmente jogada na cara da audiência, de forma displicente. Nosso(a) protagonista é apresentado(a) em pequenas doses e, quando você pensa que está começando a entender suas motivações, vem um episódio seguinte, cheio de novas nuances, mostrando que houve breves momentos de calmaria que acabaram se tornando tempestades ainda maiores, tornando-a uma espiral de tragédias e destruição, traumas e revoltas que lhe fizeram se tornar tão focada em sua jornada de vingança.
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Destaque não apenas para o excelente roteiro e diálogos apresentados, mas também pra escolha da animação, em um belo CGI com belas cores e "toques" que o deixam também com ares de uma animação tradicional, produzido pelo estúdio francês Blue Spirit com fortes expressões faciais e movimentos próximos aos melhores animes e mangás japoneses e, com muito respeito à cultura oriental, com suas temáticas, cores, cenários e tradições. Merecem destaque também o trabalho feito com os demais personagens, como Akemi (Brenda Song), Taigen (Darren Barnet) e Ringo (Masi Oka), que, têm representações cativantes e em diversos momentos acabam sendo tão relevantes pro ritmo da história e decisões do(a) protagonista que, às vezes, até mesmo tomam para si boa parte do protagonismo. O antagonista, Abijahn Fowler, vivido por Kenneth Branagh, com seu estilo de vida luxuoso, carismático e soturno, cheio de humor negro, é também um ponto alto das escolhas feitas pelos criadores da série Amber Noizumi e Michael Green (Logan, Criando Dion e Blade Runner 2049), que já anunciaram que terá uma segunda temporada prevista pra ser lançada em 2026.
Ah. A animação foi a grande vencedora do 76º Emmy, levando os prêmios de "Melhor Design de Personagem", "Storyboard e Design de Produção" e, o mais importante: "Melhor Programa de Animação", desbancando séries animadas que fizeram muito mais "barulho" à época do lançamento, como a, também excelente, X-Men ’97, a, já tradicional Os Simpsons, entre outras.
Quer saber a resposta da pergunta do título? "SIM". A série é mesmo "tudo isso". Mereceu os prêmios e merece que você, se ainda não assistiu, dê uma chance a ela. Você não vai se arrepender.
Confira a sinopse da Netflix:
VEREDITO: "05 Canecas de Chopp", com louvor.
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