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Cartaz de divulgação da 1ª temporada |
Aproveitando que a tevê aberta finalmente está exibindo essa ótima série (em doses cavalares, diga-se de passagem) darei início às resenhas de “Breaking Bad”, que já passou no Brasil pela AXN (canal pago), Netflix (que disponibiliza todas as cinco temporadas em streaming) e atualmente a Record está exibindo sua terceira temporada. Meu primeiro contato com a série foi bem tardio, apesar dos esforços de um certo amigo, me falando da qualidade da produção, minha cabeça estava focada em outras coisas e acabei começando a assistir quando seu final já se aproximava. Nesse momento só consegui pensar numa coisa: o tempo que perdi por não ter dado ouvidos àquele meu amigo antes.
A série original do canal pago estadunidense AMC (que também exibe “The Walking Dead”) é uma criação de Vince Gillian (“Arquivo X”), teve início em 2008 e retrata a trajetória de Walter White ("encarnado" magistralmente por Bryan Cranson), um gênio da química, porém subaproveitado como professor em uma escola secundária e sendo obrigado a trabalhar em um posto de lavagem pra complementar sua renda, pois sua mulher Skyler (Anna Gunn) está grávida novamente (de uma gravidez não planejada) e seu filho seu filho adolescente, Walter Jr. (RJ Mitte) sofre de paralisia cerebral. Parecia que nada mais poderia dar errado em sua vida, mas eis que Walter passa mal e descobre que, mesmo sem ser fumante ou ter sido exposto a qualquer fator de risco, tem câncer no pulmão em estágio avançado e não lhe resta muito tempo de vida.
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De pai de família a mente ciminosa |
Daí pra frente o protagonista começa a entrar em desespero ao acreditar que morrerá sem deixar nada pra sua família e, num primeiro momento passa a desejar que a morte venha logo, então aceita o convite do marido de sua cunhada, Hank Schrader (Dean Norris), policial da divisão de Narcóticos, para participar de uma batida policial para desbaratar uma quadrilha de traficantes de metanfetamina e então descobre um dos criminosos em fuga, reconhecendo-o como seu problemático ex-aluno, Jesse Pinkman (Aaron Paul, em ótima atuação). Walt foi o único que o viu, mas decidiu ficar calado, pois tinha um novo plano em mente que acabara de surgir.
Posteriormente ele procura Jesse oferecendo-lhe uma “proposta de parceria” (leia, chantagem, se quiser). Ambos produziriam juntos o melhor e quimicamente mais puro “Cristal” (como é conhecida a droga nas ruas de Albuquerque, Novo México) e dividiriam os lucros por igual ou então Walt o entregaria à polícia. Obviamente, Jesse prefere a parceria e eles começam sua produção num trailer improvisado para se tornar um laboratório no meio do deserto. Ao final de várias tentativas, finalmente conseguem chegar ao produto que o protagonista da trama considera puro.
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Jesse encara o traficante Tuco |
Entre uma e outra trapalhada recheadas de humor negro, o que vemos no decorrer dos sete episódios que formam essa primeira temporada é uma jornada de “auto-conhecimento às avessas” em que Walt aos poucos vai começando a gostar do que vai se tornando ao longo da história, muitas vezes, até mesmo fazendo com que esqueçamos o motivo dele ter adentrado ao mundo do crime. De repente ele deixa de ser um pai de família pacato e começa a se tornar uma mente criminosa conhecida como Heisenberg (codinome utilizado por Walt no seu submundo criminoso).
Interessante os motivos que vão lhe levando a tomar certas decisões, que, se olharmos na microesfera, poderíamos até mesmo considerar “justos”, mas na escala macro, sempre foi ele quem começou tudo, quando decidiu “cozinhar” (ou fabricar drogas, como quiser). E aos poucos ele vai descobrindo que gosta cada vez mais de desempenhar o personagem fictício que criou para ser pronunciado nos getos de viciados e traficantes que o daquele professor pacato e fracassado que foi passado pra trás pelas pessoas que mais confiava.
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A dupla já recebeu vários prêmios pelo trabalho na série |
A história é muitas vezes contada de forma não-linear, indo e voltando no tempo por meio de "flasbacks" ou "flashforward" nos transportando para momentos chave da trama e fazendo surgir a dúvida do quando exatamente as coisas que estamos vendo aconteceram, mas logo tudo vai sendo explicado, normalmente, dentro de cada episódio, saciando essa curiosidade. Praticamente não existem coadjuvantes na série, pois cada personagem desempenha um papel importante, como se a trama fosse um grande tabuleiro e cada um fosse uma pequena peça que pode mudar o jogo de repente, refletindo drasticamente nos rumos da história. O traficante (e psicopata) Tuco Salamanca (Raymond Cruz), por exemplo, foi um personagem que deu as caras na série lá pelo 4º ou 5º episódio, como uma possível solução para um problema de "distribuição" pelo qual a Walt e Jesse estavam passando a fim de expandir os negócios e, apesar de poucos episódios em cena, acabou tornando-se onipresente no decorrer da série por ser o desencadeador de uma série de eventos no decorrer da trama.
A trama se passa na cidade americana de Albuquerque, próximo à fronteira com o México e a cultura e língua desse país acabam fazendo parte da trama e dando um charme todo especial à série, repleta de violência, com algumas cenas de ações e, sobretudo, decisões difíceis que levam o ser humano a se tornar o que ele nem acredita que seria possível. Enfim, não é a toa que a série foi aclamada por público e crítica, recebendo vários prêmios (tanto a série, quanto os atores que a integram), pois não foi feita ao sabor da audiência, mas pensada pra se tornar uma obra concisa sobre a jornada de um homem.
Em breve novas resenhas de “Breaking Bad” na Taverna. Confira abaixo o trailer da temporada:
Elenco:
Walter White/Heisenberg: Bryan Cranson (professor que torna-se traficante ao descobrir que tem câncer);
Anna Gunn: Skyler (esposa grávida de Walter);
Walter White Jr.: RJ Mitte (filho do casal. Sofre de paralisia cerebral);
Jesse Pinkman: Aaron Paul (pequeno traficante que torna-se sócio de Heisenberg);
Hank Schrader: Dean Norris (policial da narcóticos e amigo de Walt – ou o mais próximo que ele pode ter disso);
Marie: Betsy Brandt (esposa de Hank e irmã de Skyler. Sofre de cleptomania);
Tuco Salamanca: Raymond Cruz (traficante de Albuquerque procurado por Walt e Jesse para expandir os negócios).
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